A Maior Qualidade do Filme Spriggan(1998),é também seu Maior Defeito

Hoje é tiro, porrada e bomba, bebê!

Mais um apocalipse. Só que este é um pouco diferente, porque ele mostra o que acontece depois dele. Isso mesmo, você não leu errado. Mesmo o planeta Terra sumindo do mapa num estralar de dedos, a possibilidade de explorar um novo conceito se fez bem presente nesse filme. Baseado no mangá de 11 edições de Hiroshi Takashige e Ryoji Minagawa, Spriggan é um filme de 1998 do Studio 4°C de ação militar. Dirigido por Hirotsugu Kawasaki, escrito por Kawasaki e Yasutaka Ito, e supervisionado por Katsuhiro Otomo, o filme se trata de uma versão chupinhada do clássico Akira.

Visivelmente, Spriggan está muito longe de ser reverenciado como algo fabuloso como Akira. Mas é interessante como ele brinca com elementos de ação contidos nessa pérola, transformando tudo num baita filme pra assistir no cinema com os amigos, justamente, pra esquecer minutos seguintes tomando um porre no bar mais próximo. Não é pra marcar cuecas e calcinhas de orgasmos, mas sim, para curtir o momento. Ou o melhor: pra passar o tempo. Spriggan se trata de um entretenimento barato, para aqueles que querem uma versão mastigada e bonita das maiores lendas da animação japonesa. Nesse sentido, é um bom filme.


Yu é um adolescente que possui um passado lamentável, onde tenta ao máximo esquecê-lo. Atualmente ele é um dos melhores agentes da organização ARCAM, que busca proteger artefatos antigos. No entanto, ele acaba sendo ameaçado com a morte de um amigo de sua escola, de forma extremamente violenta. Afim de buscar por respostas, Yu viaja  à Turquia para visitar uma escavação no Monte Ararat, onde a a suposta Arca de Noé foi deixada. Ao longo do caminho, acontece muitos tiroteios e perseguições, vindo de pessoas que têm alguma relação com o passado de Yu. Assim como ele, esses inimigos também querem ter o controle dessa Arca nas mãos, que alias, sua versão física é bem diferente do que imaginamos. De algum jeito, essa antiguidade tem o poder de acabar com o mundo pela segunda vez.













Katsuhiro Otomo supervisionou o trabalho do Hirotsugu Kawasaki. Seguindo essa linha de raciocínio, é normal a comparação com Akira. Muitos elementos batem um com o outro, mas o que faz então Spriggan ser diminuto? A resposta é muito simples. Enquanto o filme se aproxima de Akira no quesito ação (o envolvimento do governo, poder militar, etc), Spriggan coloca toda essa boa inspiração por água à baixo, ao não apresentar os personagens direito, possibilitando assim, um furo no roteiro. 

Eu senti que esse filme só queria causar e mais nada. Qualquer um pode perceber isso, ao se deparar com as cenas inicias, onde mostra o mundo sendo explodido. Minutos seguintes, um aluno se suicidando com uma bomba, e mais tarde, uma intensa perseguição com o protagonista, que alias, tem uma convicção muito falha. Quer provar à todo momento que é fodão. Só que na verdade é um pastel vazio. Bonito por fora, mas por dentro tem sabor de nada. Até o fato de que ele é o melhor spriggan de sua corporação, a narrativa peca em mostrar isso de forma exagerada. Como segurando um golpe de espada na mão e depois quebrando-a como se fosse de brinquedo. Sim, realmente é bonito, mas transforma isso numa coisa irreal demais. Yu veste a carapuça de um personagem perfeito, sendo que ele não é. O passado dele é explicado depois, mas isso não muda o fato de que não há desenvolvimento durante uma hora e meia de filme. Nem dele, nem a dos personagens secundários, que infelizmente nem sequer tiveram seus passados contados por um minuto sequer. Por sua vez, o o vilão principal aparece na história mega atrasado, e ainda por cima de forma irritante (no mal sentido). Sua aparência não bota medo em ninguém, e suas atitudes parece a de uma criança mimada. 

Porém, não posso negar que a até a metade do filme, os confrontos estavam bonitos, mesmo que por trás não houvesse algo mais resistente. O problema é que depois dessa metade, esses tiroteios começam a enjoar pois não existe um espaço razoável entre eles, o que torna a narrativa cansativa. Isso chega a ser muito engraçado: o ponto alto do anime é também o ponto mais fraco. 



Mas calma lá, que Spriggan também tem sua ressalva. O conceito da Arca é muito legal. É de uma imaginação muito boa, a de criar uma versão física diferente para ela, como também de sua função clássica que todos nós já conhecemos. O problema está na forma que ela é contada. Durante boa parte do filme, o objeto que deveria mover a história, é a maior incógnita da plot. Nenhuma informação nos é passada sobre ela, nem para o bem, e nem para o mal. A sensação que fica é que se trata de uma bomba-relógio, pronta pra explodir ali na história a qualquer momento. Esse medo do desconhecido por um lado é boa, cria uma expectativa que ao final é cumprida com exito, mas por outro é ruim, porque eu não sei o significado dela, se parada em mãos erradas.

O menino robô (vilão), tem uma construção de personalidade muito legal, porém, a forma como é posta em ação é chata e desinteressante. Gostei muito em saber que ele é um produto e espelho do governo de seu país, e por isso, sua arrogância em se achar um Deus soberano está explícita. Mas isso não muda o fato de que ele é irritante, entende? Tem uma justificativa bacana por trás disso, no entanto, na tela isso ficou meio ... méh. Spriggan tem uma boa ideia, mas a execução dela é amarga. Pena. 

Curta a Nave Bebop no Facebook pra estar atualizado, e siga também no Twitter. Obrigada pela visita, e até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário