Kare Kano (1998) - O Romance no Cotidiano

























E já começo 2015 pagando uma promessa do ano passado. Por isso, já vai fazendo suas recomendações nos comentários para futuras resenhas, eu demoro um pouco mas não tardo! E não, não vou resenhar no próximo ano, vou ser mais ágil, juro.


Assuntos de namorado e namorada. Essa seria a tradução do nome Kareshi Kanojo no Jijō como é conhecida no Japão. Mas, todo mundo por aqui conhece como Kare Kano, graças à Panini Comics, que em 2006, trouxe o mangá para o Brasil sob o nome '' Kare Kano - As razões dele, os motivos dela'' em formato tankobon. Criado pela mangaká Masami Tsuda, e com anime produzido pelo estúdio GAINAX e realizado pelo diretor Hideaki Anno - autor do aclamado Neon Genesis Evangelion - Kare Kano é sobre relações interpessoais, com o foco mais voltado num casal de adolescente, que têm personalidades praticamente iguais, só que com a bagagem emocional bem opostas. Os dois começam a namorar, e juntos ambos acabam se redescobrindo como pessoas, e então assim, mudando o seu jeito de agir e pensar.

Para ser mais exata, Yukino Miyazawa, é uma garota extremamente vaidosa e que tem como objetivo ser o centro das atenções em sua escola: deve ser a mais inteligente e a mais simpática, ou seja, um exemplo para todos. No entanto, ao mudar de colégio, um novo aluno exemplar se destaca: Sôichiro Arima. Miyazawa, e o toma como rival e tenta superá-lo, mas Arima apaixona-se por ela e, com o tempo, Yukino descobre também estar apaixonada por ele. 
  
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Lembrando que eu vou basear essa minha resenha no anime de 26 episódios, mesmo sabendo que no mangá a história vai bem mais longe e possui um final muito mais digno. Portanto, me julguem se for necessário se eu divagar demais sobre a história. Beleza? Então, vamos ao que interessa!



Como tinha de ser, Kare Kano possui muito aquela atmosfera de shoujo colegial que extrai o máximo possível o caldo da bagaça até onde for necessário. Eu não sei no mangá, mas no anime, os acontecimentos não se estendem mais do que o necessário, já que cada episódio possui um começo, meio e fim. Ainda bem. Só que, pra não perder o costume dos romances adolescentes, existe uma narrativa que estende as frescurinhas de casal inseguro durante quase 10 episódios, se não me falha a memória. Então, você já deve imaginar o quanto isso pra mim foi torturante. Problemas pessoais, falta de tempo, comentários alheios, entre outras coisas, quase me fizeram pular da janela de tão entediante. Eu realmente não me importo, e não dou a miníma. A não ser que o jeito de contar seja mais intenso, e essas aflições sejam mostradas com mais importância. A partir do momento em que eu captei o espírito da coisa, eu previa que no final daquele episódio, tudo ia voltar a ficar bem, e no episódio seguinte novas adversidades iriam tomar o meu tempo, e assim por diante. Ou seja: eu não conseguia me preocupar de fato com o relacionamento dos dois. Pra ser mais sincera, eu não torcia para que eles ficassem juntos. Pelo contrário. Eu torcia pra que acontecesse uma coisa realmente séria entre eles, que me fizesse me sentir mal. Daí sim, o meu sentimento de ''shippar'' pessoas iria dar um oi. Mas infelizmente, não foi bem o que aconteceu.

Entretanto, para minha surpresa, Miyazawa e Arima assumem um relacionamento logo no começo. Não é demais? Sem aquela de ''ai meu senhor, como eu vou me declarar'', ''o que será que ele/ela vai pensar de mim '' e etc. Essa é pra glorificar de pé. Meu divertimento agradeceu. Enfim, probleminha vai e vem, eis que, PÁÁÁÁÁ, do nada, a série muda de ''foco'' e resolve explorar os personagens secundários. Sim, secundários. E não é coisa de intervalo de tempo de um acontecimento ao outro, era coisa de episódio inteiro mesmo. Claro que alguns me davam sonolência, e outros me empolgava pra valer, mas o melhor de tudo isso era o humor da série, que passou a fazer mais sentido, já que me era tão bem falado. Não era um simples humor nonsense, havia sátira até entre os narradores dos personagens pra você ter uma ideia. Aquilo era sensacional. 

MAI GENTE QUE SEQUIÇI, PURA SEDUÇAUM *---*

Falando agora de um outro aspecto da série, não acho que Kare Kano convence como Drama. Talvez sim como romance, mas não como drama. Engraçado isso né? Toda vez que vinha aquele toquezinho de piano no fundo de alguns diálogos chacais, eu ficava claustrofóbica. Eu estava sendo sufocada com esses pensamentos sem peso nenhum. Parecia uma cena vazia. Só que ao mesmo tempo, o romance entre o casal possui uma certa coerência. A ideia de fazer duas pessoas aparentemente iguais se redescobrirem emocionalmente de um jeito totalmente distinto, era algo muito bem sacado ao meu ver. E mais ainda: a mudança que uma pessoa faz na outra, é um ponto muito interessante pra se abordar. O problema foi em 'como abordar', e isso, o anime de Kare Kano falha.

Pra compensar essa narrativa não muito convincente, os personagens, tanto os principais quanto os secundários, sabiam exatamente como se relacionar uns com os outros. E principalmente: o impacto que trazia era muito forte. Existem relacionamentos tanto de namoro quanto de amizade, em que pessoas mudam para pior, por diversos motivos. E vice e versa. Inconsciente ou conscientemente algo é tirado em sua vida, e outro é acrescentado. Aonde quer que você vá, vamos carregar pra ''sempre'' um pouco da outra pessoa, até que conhecemos um outro ''pra sempre'' e nos muda de novo, e de novo, acrescentando algo de ruim ou melhor em nós. É por isso que o ser humano vive em constante mudança, porque convivência resulta em marcas, laços, e um estado de espírito indeterminado. Gostei muito desse choque cultural na vida de cada um deles, e até mesmo da intensidade do encontro das personalidades do casal principal, só não gostei mesmo das situações ''forçadas'' que trazia conflito entre os dois. Talvez problema da narrativa, não sei, vai entender ...

Bota impacto nisso *0*
Uma outra coisa que não gostei foi da animação. Personagens falando com a boca meio fechada, longas frases sendo ditas com uma imagem parada no cenário. Mas tem um episódio que é simplesmente sensacional, justamente por conter essa característica de ''poucos recursos''. Eu não lembro qual episódio exatamente, mas lembro que tinha uma arte bem escrachada; os personagens se movimentavam em estilo mangá, os cenários eram fotos de lugares reais, e assim vai. Aquele episódio compensou o anime todo. 

Bom, eu não quero me estender muito nesse primeiro texto de 2015, até porque não li o mangá, portanto, eu estou totalmente por fora de como o final dessa bagaça deve ser. Talvez um dia eu leia, mas não por enquanto, ainda estou quebrando barreiras preconceituosas sobre animes shoujos, e um dia, quando de fato gostar mais desse gênero, eu vá para os mangás. E isso não está muito longe de acontecer. Graças a Kare Kano.

De qualquer forma, eu aprovo a animação, até porque o encerramento é DI -VI -NO! Bem como toda a trilha sonora do anime (me lembrem de colocar as músicas na rádio bebop mais tarde). Ainda não estou pronta para dizer ''poxa, essa história mudou minha vida'', mas não deixa de ser uma boa história. Recomendo.






























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