Super Atual, ''Yuri!!! On Ice'' Deixou um Pequeno Legado


A febre contagiosa da temporada passada.

A série original produzida pelo estúdio MAPPA, deixou praticamente todo mundo empolgado à cada episódio novo, quase se igualando ao alvoroço que Re:Zero havia provocado em outra temporada. Mas ao contrário de Re:Zero, Yuri on Ice não chamou a atenção de todos os públicos de cara, porém, ele foi hypado do começo ao fim pela maioria dos otakus, o que não vi acontecer com Re:Zero. A premissa até então nova no mundo dos animes - digo isso porque não tenho certeza se já houve outro anime sobre patinação no gelo, se teve, nunca ouvi falar - causou espanto em alguns ao deixar interessante um tema que aparentemente, não possui atrativo algum. É nessas horas que agradeço por animes de esportes ruins que saem quase diariamente no Japão, pois é errando que se acerta. Em alguma hora, sai algo que preste. E foi o caso de Yuri on Ice.

Com uma história básica apresentando aquele gostinho famoso de ''tanto faz'', a direção de Yamamoto Sayo e o roteiro de Kubo Mitsurou fizeram nascer nascer água do vinho. Não que o anime tenha sido mega surpreendente, mas dentro do que a história ia pedindo, tudo foi montado de forma interessante e curiosa. 

Yuri on Ice não é um ''Yuri'' propriamente dito como possa aparentar pelo título, com bromance e tudo mais. Na verdade, é sobre um jovem chamado Yuuri Katsuki, tentando recuperar sua auto estima para voltar se apaixonar novamente pela patinação. Eventualmente, mais pra frente, um romance surge - pelo menos é o que dá a entender - mas em nenhum momento se torna o foco. Assim como acontece em Haikyuu, o que move os personagens é o esporte mesmo. E já que falei em Haikyuu, acredito que Yuri on Ice não deve em nada para Haikyuu nesse quesito, a diferença é que lá tudo é bem explicadinho para o leigo no esporte, e cada ação sabe provocar arrepios. Em Yuri on Ice isso não acontece porque, apesar de haver uma breve apresentação da patinação no gelo, eu mesma, não consegui guardar na cabeça o que significava cada pirueta no ar por exemplo. Não consigo vibrar quando um personagem faz um movimento ali, porque na verdade, eu não sabia exatamente o que estava acontecendo. Eu só fui entender um pouco mais sobre esse esporte, quando li uma matéria no Finis Geekis, que explica bem cada etapa. Mas se fosse pra descobrir sozinha, ficaria um pouco perdida ali, como eu estava anteriormente. Porém, eu vejo semelhança em ambos os animes, na maneira como o esporte é tratado por aqueles personagens, e o modo como a vitória não acontece num simples passe de mágica.

Muitas coisas em Yuri on Ice me chamam a atenção, mas a principal delas, é essa sensação de realidade pairada no ar. Seja no esporte como havia dizendo, que não termina num mar de rosas como aparentemente sugeria para o personagem principal, como na própria história de vida dele. Katsuki Yuuri é um personagem muito humano. Isto é nítido em suas atitudes ali, e um exemplo claro de naturalidade é o seu relacionamento com o Viktor, seu técnico. Tudo flui calmamente, sem exageros, sem fanservice, sem alvoroços. Quando nos damos conta, eles já estão mais próximos como nunca. Não perceber que uma ação leva à outra, é sensacional. É uma imersão feita do jeito certo.


 Possíveis spoilers, leia por conta e risco este trecho.

A pergunta que não quer calar: BEIJOU OU NÃO BEIJOU? ESTÃO NOIVOS OU NÃO ESTÃO? Pra mim, Yuuri e Viktor são nitidamente um casal. Só não enxerga isso quem não quer. Foi muito inteligente a escolha da diretora Sayo Yamamoto e do mangaká Mitsurou Kubo, em manter essa relação aberta para interpretação, para não ser classificado como Yaoi e assim, atingir apenas um público. E esse anime tinha potencial de atingir um número considerável de expectadores, por apresentar um esporte não tão explorado nos animes. Se não fosse por esse ''suspense'' na relação deles, talvez Yuri on Ice não alcançasse o sucesso que alcançou.

Dito isso, eu poderia emendar esse fato com o que disse antes também. Deixar esse relacionamento ''as escuras'', também contribuiu com o clima realista que ele construiu. Eu que não sou nenhuma Fujoshi, mas mesmo assim torcia por eles. Porque isso mexe com o senso de humanidade das pessoas que o assistem. Portanto, não torcer por eles significava, não torcer pela felicidade alheia.

















Outro ponto que fez Yuri on Ice subir no meu conceito, é que além dele ser realista, ter uma narrativa diferenciada e tudo mais, ele também é muito atual. Desde o primeiro episódio, se nota um clima totalmente próximo de nós. Não só pelo lado tecnológico dele - alias, a tecnologia tem papel fundamental no plot central, pois é por causa do vídeo do Yuuri rodar na internet, que Viktor enxerga o potencial nele -  mas também pela insegurança do protagonista. No mundo em que vivemos hoje, a ansiedade predomina fortemente as vidas de todos, principalmente do jovem, que quer alcançar seus sonhos. Tenologia e ansiedade caminham lado à lado. Isso se deve porque todo mundo quer as coisas pra ontem.  A vida tem se resumido a um clique. Questão de segundos. E Yuri on Ice veio pra mostrar que também há momentos de digestão. Ou no caso; preparação. 

Estranho seria se o Yuri mesmo gordinho, ficasse sempre em primeiro nas colocações. Milagres não acontecem em doze episódios; de uma competição pra outra. Gostei muito do desenvolvimento do Yuuri na trama, pois ela marca uma fase de transição. Descobrimento. Yuri on Ice tem um significado muito grande para o momento em que vivemos. Fazia tempo que não via um anime novo com os pés no chão assim. É sem dúvida, um anime que veio na hora certa. 




Ah, e antes que me esqueça, sim, o anime tem suas falhas. Falando tecnicamente da animação, foi uma pena a qualidade do primeiro episódio não ter se mantido nos demais episódios. Analisando sua estréia separadamente, foi pra mim, o melhor episódio do ano de 2016 no quesito técnico. Animação fluída, roteiro instigante, apresentação excelente, cenários belíssimos, luz e sombras impecáveis, cores frias e quentes, tudo estava, divinamente perfeito. Fiquei triste de não poder fazer um post de primeiras impressões, mas fico feliz agora por ter a oportunidade de me redimir.  No entanto, por mais que tenha achado o episódio 01 o mais bem feito tecnicamente, o meu favorito de Yuri on Ice é o de número 07. Ali temos um Yuuri no auge de sua ansiedade e insegurança - apesar da forçadinha de barra daquela possível separação dos dois, mas pelo menos teve um show de dublagem excepcional. Ah, e claro, teve a frase épica do Yuuri ao Viktor : ''Só acredite em mim mais do que eu mesmo acredito. Não precisa dizer nada, só fique do meu lado.'' Foi impossível não se emocionar, nessa hora, foi como o anime pedisse um abraço. Criou-se então, um laço de a proximidade indescritível. 

Falando agora dos personagens e do alívio cômico, os únicos que são bons ao meu ver é o trio principal; os dois Yuuri e o Viktor. O resto, não me importei. E é aí que se encontra o ponto baixo do anime, junto com a apresentação dos outros competidores. Cada personagem secundário só servia de escada e nada mais, e o alívio cômico só foi perdendo a força conforme os episódios iam passando, igualmente com a qualidade da animação. Quando aparecia o desempenho de um outro competidor, era impossível não revirar os olhos de impaciência. Não dava pra se empolgar e muito menos entender se tal competidor estava indo bem ou não - a não ser quando vinha a nota final e alguém dizia com todas as letras se era bom ou ruim. Com isso, alguns episódios tiveram um clímax muito fraco no fim das contas. Faltava um pouco mais de urgência, emoção.

Por outro lado, a trilha sonora foi boa. Deixou o anime com uma cara ainda mais jovem, e as apresentações dos patinadores com um ar mais belo, já que a animação não ajudava muito. Ah, e a abertura é um amorzinho ♥









Yuri on ice poderia ter sido melhor? Poderia. No entanto, suas qualidades superam seus defeitos. Não se trata de uma obra prima dos últimos tempos, ou um épico da animação moderna, mas ele se vende bem, e sabe usar suas armas ao seu favor. No fim das contas, era disso que os animes estavam precisando.

Que venha a segunda temporada, ou outro que faça jus ao seu pequeno legado.






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