Vatican Kiseki Chousakan - Potencial ladeira abaixo (2017)


Adaptação da light novel para as telas, trouxe alguns pontos positivos, porém pecou no mais importante.

É impossível bater o olho nesse anime e não ter vontade de assistir. Desde o princípio, o que sempre me chamou atenção foi a premissa vaga, com a atmosfera da história. De fato, cheguei até me lembrar do livro ''O Nome da Rosa'' de Umberto Eco, mas diferente de lá onde a história se centra num monge que investiga uma série de assassinatos em um remoto mosteiro italiano - em ''Vatican Kiseki Chousakan'' temos dois padres pagando de FBI nas igrejas católicas, afim de validar ou não certos milagres, e consequentemente, assassinatos. O que fez aproximar ambas histórias na minha cabeça, foi a sucessão de acontecimentos regidos um atrás do outro. Mais especificamente; a conduta da história nos levando a acreditar na existência de um ''demônio'' dentro da igreja. No entanto, quando comparo mais à fundo as duas obras, VKC (vou abreviar o nome do anime por ser grande) se torna raso, completamente vazio no que ele quer passar. O grande barato de um romance policial, sempre foi e sempre será, o descobrimento da conjectura com que cada ato se sucede. E não o assassinato, como possa aparentar para alguns.

Certa vez alguém aqui no blog comentou que eu sou sádica porque gosto de assistir animes com temáticas mais pesadas e violentas. Eu não me surpreendi com a declaração, pois sei que quem enxerga o superficial sempre vai ter esse tipo de julgamento. Não assisto uma obra assim, apreciando o óbvio, quando acompanho uma história, eu quero vê-la como um todo. Quero saber o que há por trás das coisas. Não é que eu goste de ver alguém sendo assassinado, eu quero ver como é que o fulano misterioso vai fazer para cometer tal atrocidade, qual o desenho que ele vai fazer com suas pegadas no caminho, e o que isso diz sobre ele. E infelizmente, VKC falha nisto, porque tudo vai se tornando previsível. O final é o mais brochante de todos, mas na sua primeira parte o anime até que funciona.



















O protagonismo de Robert Nicholas e Josef kou Hiraga é mais sem sal que sopa em hospital. Por diversos momentos, achei que estava vendo Sam e Dean Winchester em ação - os fãs de Supernatural que me perdoem. Os dois padres continuaram com a mesma expressão no rosto do começo ao fim. As caras de surpresa são as mais plásticas possíveis. Não sei se isso é um defeito que veio da animação do estúdio J.C Staff ou do próprio roteiro que não deu liberdade pra que eles tivessem emoções mais humanas. Alias, a impressão que eu tive da relação dos dois ao longo do anime, é a mais mal estabelecida possível. É como se eles mastigassem a comida e jogasse na minha boca.  É uma amizade tão gélida, tão sem graça, que se tornou patético com o passar dos episódios os diálogos onde um demonstrava se importar com o outro. Era um companheirismo sem raízes. Logo, mostrar que um quer proteger o amigo se tornou totalmente relevante quando esqueceram de explorar mais à fundo o elo entre os dois.

Por outro lado, que trilha sonora maravilhosa. Acredito que foi graças à isso que a atmosfera foi tão bem trabalhada. Tirando os tons escuros excessivos demais, a ambientação sempre esteve propícia ao tema da série. De fato, os sons contribuíram muito que eu adentrasse - nem que fosse minimamente possível - no que estava acontecendo. Em questão de clima, VKC dá um banho em muitos outros. Te desafio a assistir pelo menos a Opening pra ter uma noção do que estou falando. 

( ͡° ͜ʖ ͡°)


Eu poderia comparar a experiência de assistir esses 12 episódios com a série do Exorcista que estreou esse ano. Começa relativamente bem, cheio de potencial, depois da metade a carruagem desanda. Gosto do anime até onde eles estão dentro da igreja investigando o homicídio de alguém que não me importo, depois, eu vou me tornando mais inteligente que aqueles padrecos que nem notam que o loirinho com cara de anjo não é flor que se cheire. Eu gosto da primeira parte porque, eles brincam com acontecimentos históricos como o nazismo de uma maneira boa e saudável, teorizando por exemplo que Hitler havia forjado sua morte e etc. Misturando realidade e fantasia, VKC demonstrava ter imaginação o suficiente pra trazer situações criativas e curiosas. Embora não fosse super original e inimaginável em suas teorias, foi interessante ver pra onde a série soprava seu ar misterioso. Nada hiper mega sensacional, mas bom.

Desde o começo, o anime queria dar um passo maior que a perna no quesito 'explicar o que está acontecendo'. É uma pena que ele tenha andado ladeira abaixo quando queria chocar à toda hora. Além de soar tudo confuso, cada acontecimento foi sendo mostrado sem impacto algum. O livro que citei antes ''O Nome da Rosa'' é bom, porque apesar de acontecer muitas coisas, ele também se permitia respirar. Não é um constante arrebatamento de informações que brotam do chão sem explicação nenhuma, mas existia um certo instante pra se batalhar por elas. Não sei se eles fizeram isso pra dar tempo de adaptar tudo da light novel, entretanto, a impressão que se teve foi de uma história extremamente corrida. Muita coisa acontecendo considerada importante rolando ao mesmo tempo, e no fim das contas, não consegui absorver quase nada delas além do supérfluo. 

Que padre gato, só faltou o Fábio de Melo


VKC só vale a pena pela atmosfera, porque de resto, ficou em falta. É uma pena, poderia ter sido um dos melhores do ano se trabalhasse melhor o roteiro. Mesmo que a animação tecnicamente falando não seja a das mais sofisticadas, ainda sim, com uma história bem mais clara e elaborada acredito que teríamos algo relevante.

Para terminar, deixo o vídeo de uma música que diz bem mais do que esse anime.

                                                                           
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