Corrente de Reviews - Tokyo Magnitude 8.0


Está dada a largada para a Corrente de Reviews 2014! Essa é a primeira vez que a Nave Bebop participa do projeto, e, já adianto que quero meu passaporte garantido para as próximas vezes, viu gente? Bom, quem nos indicou Tokyo Magnitude 8.0 foi o próprio Anikenkai - o blog que criou a brincadeira!

Sejam bem vindos, apertem os cintos, que a Nave já vai decolar! \o/


Sempre achei que o Japão fosse o país que tem as melhores dramaturgias, porque, cada vez que me aprofundo em sua cultura, mais fico abestalhada com tamanha destreza com os mais diversos assuntos abordados. E esse mérito continua em pé. Um dos meios de mídia que mais chamam atenção pela sua versatilidade são os animes por exemplo. É um universo muito amplo, que expande todos os gostos, de pessoas de todas as idades. Tem histórias para dar e vender. Desde as mais estranhas e loucas possíveis até das mais trágicas e reais. Mas, não pense que ficção e realidade vivem em universos paralelos. Paprika por exemplo está ai pra desmitificar esse pensamento, provando assim, que essas duas características distintas podem conviver juntas na mesma história. Da mesma maneira, como realidade e ficção podem trabalhar lada à lado.

Bem, deve ser por isso que gosto tanto dos desenhos japoneses: pela maneira única de contar suas histórias. Tokyo Magnitude 8.0 é um desses animes que mostra a realidade de seu país, só que daquele jeitinho mais ''exagerado'' em que já conhecemos. Mas, é por uma boa causa. Interessante é que; logo no início, os próprios produtores da série nos alerta que se caso algo similar acontecesse - o que de fato aconteceu mais tarde em 2011, em que 20.000 de pessoas foram mortas - os fatos seriam bem diferentes. Um tanto que curioso, já que muitas vezes a realidade distorcida não é desmentida, muito menos no começo. Portanto, o anime trabalha com o medo real, aquele em que você convive todos os dias, mas que no fundo sabe, que as coisas poderiam ser bem piores. Uma mistura de insegurança e alívio. E eu particularmente, gosto de misturas, é isso traz o selo Made in Japan se tornar visível.

Tokyo Magnitude 8.0 foi baseada na previsão de que; nos próximos 30 anos, há 70% de chance de que um terremoto de magnitude 7.0 na Escala Richter atingir Tóquio. Por este motivo, a série retrata as consequências de tal situação, e as proporções em detrimento na cidade. Pesquisas sobre terremotos anteriores e entrevistas de pessoas que foram afetadas por elas, serviram como base para construir o ambiente de horror vivenciados pelos personagens. O que serviu pra tornar o ambiente ainda mais realista - embora que de forma mais brutal. 

A história gira em torno dos jovens irmãos, Mirai e Yuki. Num certo dia, no início das férias de verão, os dois vão para uma exposição de robôs no outro lado da cidade. Mas, quando estavam quase indo embora, são surpreendidos por um terremoto em 25 km sob o mar na magnitude 8.0. Uma mãe solteira acaba se envolvendo com os dois, e juntos, desbravam a cidade em ruínas para encontrar suas famílias em suas casas.

Dirigido por Masaki Tachibana, e escrito por Natsuko Takahashi, o anime estreou na TV Fuji em julho de 2009 contendo 11 episódios, e foi co-produzido por dois estúdios; Bones e Kinema Citrus






















Logo na abertura podemos ver claramente do que se trata:

'' (..) Sempre com medo, sempre acuado, sempre olhei as nuvens por baixo. 
Toda aquela sua bondade, foi destruída por esse mundo doente. (..) 
por você eu daria tudo, se meus desejos se realizassem.... ainda estou em busca de carinho (…)''. 

*Clap, Clap*.



Sério, nunca uma letra definiu tanto seu plot. E isso se deve também em relação as imagens devastadoras, que são mostradas com os personagens pelas ruas de Tóquio. Um elo grande entre ficção e realidade. Mirai e Yuki se tornam maduros, em meio ao caos. São crianças que deixam de ser inocentes, e passam a enxergar o mundo de outra forma. Uma realidade crua e impiedosa. Assim como recitei na letra à cima: ''Toda aquela sua bondade foi destruída por esse mundo doente''. Os dois são transformados pela tragédia de forma angustiante. O clima caótico faz parecer todas as suas dificuldades anteriores se tornarem um monte de nada. O ambiente é desesperador e caótico. Um lugar de guerra. 

Dessa maneira, Tokyo Magnitude constrói sua narrativa em solo firme, sem deixar nenhum buraco. Além de ser bastante convincente em sua proposta principal, os personagens conseguem segurar as pontas muitíssimo bem até ao término do anime. O que na verdade me surpreende. Quando vi o primeiro episódio, achei que ia ter bastante enrolação, e muito, mas muito chororô desnecessário, na tentativa de comover o telespectador forçadamente. Portanto, Tokyo Magnitude me foi uma grata surpresa. Do começo ao fim. Aquele esquema que eu sempre uso de tentar adivinhar o que vai acontecer em seguida, foi por água à baixo. Somando ao todo, achei o anime bastante imprevisível. 













O assunto terremoto é abordado de maneira bem angustiante como disse anteriormente, mas a principio de tudo também de um lado bastante emocional. Mirai carecia da atenção dos pais, e por isso, era aquela garota chata, e irritante. Tanto que em vários momentos ela respondia mal o seu irmão, como também a Mari. Mas no percurso, Mirai cresce e se desenvolve muito na história. Aos poucos aquela menina rancorosa se torna em outra pessoa. Uma menina doce, que ama sua família e que no fundo, não gostaria que o mundo realmente desabasse sobre seus pés.

Mari também tem sua personalidade mudada, mas da forma mais direta possível. Por ironia do destino, ela é como os pais da Mirai e Yuki. Sempre o trabalho acabava ficando em primeiro lugar. Obviamente, com a tragédia ali cara à cara, Mari abre os olhos e reconhece que deveria dar mais atenção à sua filha, e é aí que ela fica ainda mais louca em querer voltar pra casa, mas ao mesmo tempo, em não querer abandonar os dois ali em meio ao caos. Tanto como motivos de caráter, como também em forma de se redimir dos seus pecados, Mari se envolve afetivamente com eles, ao ponto de prometer visitá-los algum dia, quando tudo acabar. E realmente o faz.



Eu gosto desse laço afetivo entre eles, e de muitos dos seus diálogos. Todas as suas conversas têm um grande peso na história, e diz muito sobre eles mesmos. Mirai por exemplo, é a evidência clara de que o enredo anda o tempo todo para frente. Não há regresso, ou questões repetidas, cada episódio tem algo novo pra explorar, mas sem esquecer claro, da ideia principal. É como se fosse uma roda gigante com cada aspecto, mostrando o impacto que a tragédia traz na vida das pessoas - de ângulos diferentes. Sutilmente, os episódios fluem numa maré de sensações. E sutilmente, nos joga pistas sobre o desfecho da história. Eu acho esse jogo de narrativa muito interessante, porque brinca com a dúvida, e ao mesmo tempo com a certeza, de que algo muito ruim esta prestes à acontecer. 

Uma outra coisa que gosto muito na série - e que inclusive serve como Easter Egg - são os significados dos nomes, e de alguns objetos. Mirai em japonês significa futuro. Ela é a esperança do grupo, note que em nenhuma vez ela acreditou que seus pais haviam morrido, ou na vez que não desistiu de procurar Yuuki no segundo episódio. Já Yuuki significa coragem, bravura. Sem ele, o grupo não conseguiria talvez, chegar onde chegou. É ele quem dava força e otimismo para Mari e Mirai.

O cenário também diz muita coisa sobre o enredo, note que há uma grande presença de sapos em Tokyo Magnitude (o chaveiro no celular de Mirai, desenhos de Yuuki, na loja do episódio 7).
Sapo em japonês é kaeru, que também pode significar retorno. Lá, é comum carregar um amuleto do anfíbio para que o dinheiro volte a pessoa, mas também pode ter a intenção de voltar em segurança para casa. Ou também pode significar simbolicamente a transição, ou a renovação, por causa das várias mudanças que ocorrem no ciclo do crescimento de um sapo. É uma alusão ao desenvolvimento de Mirai durante o anime.



















Falando agora da parte técnica, eu sinceramente gostei da fluidez da animação. É bem simples, mas não deixa de ser lindo. E principalmente: comovente. Eu me senti tocada com a arte, iluminação, e trilha sonora. Os personagens foram desenhados da forma mais simples possível, e digamos até clichê. Se pá, parece até personagens moe. No entanto, isso se torna um simples detalhe se for comparado ao plano de fundo. Isto significa que temos pessoas comuns num ambiente de horror. Percebe onde estou querendo chegar? aqui temos mais um detalhe que anda de mãos dadas com a proposta inicial. Mais uma ligação. Fica impossível não reconhecer a destruição que o terremoto fez na vida dessas pessoas simples. Porém, não é como se a desgraça fosse mais importante do que os personagens, mas sim como forma de mostrar como esses personagens comuns mergulham naquilo. Como reagem. Como é o impacto emocional em cada um. Tokyo Magnitude funciona lindamente como drama. Porque sua história se entrelaça em outros requisitos, que são também essenciais pra série engatinhar. Essa conexão é que faz tudo se tornar tão coerente, e convincente em sua mensagem. 

Gosto também da trilha sonora, embora no inicio, seu encerramento ''alegre'' tenha me assustado um pouco. Ao longo do percurso fui me simpatizando com os sons. Até mesmo com os momentos quietantes, e com o silêncio tocando nos seus arredores. Achei fantástico esse clima de ''solidão interna'' ser quebrada com um rugido de terremoto, desmoronamentos e gritos de pessoas. Também sou grata por não terem enchido o anime de musiquinhas MELA-CUECA sentimentais pra forçar o clima caótico. Obrigada senhoorrrrrrr <3






















Considerações Finais


Sinceramente, gostei muito de Tokyo Magnitude. Gostei da delicadeza em que o tema foi abordado, e principalmente; da evolução dos personagens. Esse é um anime que eu não veria se tivesse tempo sobrando, porque a arte do negocio faz parecer tudo ser desimportante e clichê, mesmo apresentando um tema interessante. No entanto, eu me surpreendi, e muito. Isso sem contar do final. Me senti meio burra por não ter percebido antes aquilo o que era meio óbvio, porém dei graça, porque caí certinho na arapuca do roteirista. Afinal, ser pega com os olhinhos lagrimejados, e com o coração apertado é recompensador, embora triste. 

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Enfim, adorei ter participado da corrente de reviews 2014, e espero participar muitas, e muitas outras vezes. Esse é um projeto do blog Anikenkai, realizado pelo Diogo Prado , que tem o objetivo muito simples: unir os blogs/vlogs sobre animes e mangás, pra que assim, se crie uma blogagem coletiva, só que com indicações diferentes. Para mais informações você pode clicar aqui.

E seguindo as regras; a Nave Bebop teve a honra de pegar o blog Elfen Lied Brasil - que é um dos blogs em que mais me inspiro. Resolvi então indicar o OVA do Golden Boy , porque sou um amorzinho de pessoa. E também por ser um anime que gosto muito, e me racho de rir todas as vezes em que revejo. Mas é aquele negocio .. se falar mal O BICHO VAI PEGAR! ;P


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