Midnight Gospel estreou esse ano para a Netflix, e recebeu diversas comparações de peso como ''Hora da Aventura '', ''Rick and Morty'', ''BoJack Horseman''. A diferença é que ele se leva mais a sério, levantando debates filosóficos e sensíveis.
Olá Terráqueos, Major Thais aqui...
Criada por Pendleton Ward (O mesmo de Hora da Aventura) e Duncan Trussell (comediante), a história de Midnight Gospel se passa numa dimensão chamada The Chromatic Ribbon, o personagem central Clancy é dublado pelo podcaster Trussell; enquanto Clancy vive visitando mundos, e basicamente, vendo cada um deles morrer repetidamente, várias entrevistas são feitas e experiencias são trocadas numa simples conversa casual. Midnight Gospel tem o visual muito frenético, mas tem a narrativa extremamente calma e apaziguadora. É como escutar um podcast, porém, você não imagina duas pessoas conversando monotonamente em duas cadeiras por exemplo, mas a animação ajuda a imaginar o absurdo, onde existe um mundo(dimensão) paralelo onde o condutor do debate é um ser rosa com um chapéu de bruxo interagindo calmamente com outro ser peculiar, enquanto a bizarrice rola solta de fundo.
É uma mistura contraditória, o que causa muita poluição de informações. É uma infinidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo, porém, existe algo profundo sendo discutido.
Apesar dele ser indiscutivelmente ''chapado'', a série abre brechas para a espiritualidade, como é o caso do budismo. Muitos episódios abordam o tema da meditação, como a técnica Mindfulness, e abre algumas ligações para refletir sobre a morte. Aceitar a vida como ela é (por mais insana que seja) e escolher não sofrer. A religiosidade nada mais é do que uma magia para nos blindar do sofrimento, essa mensagem fica clara em alguns episódios.
Tem algo que eu gosto muito nessa animação, que é a sensação que tudo está em movimento, se transformando, morrendo e renascendo. Já que o tema aborda justamente isso, o visual reflete o que está sendo dito. Parece uma sucessão de aleatoriedades à princípio, mas de fato não é. As criaturas, os efeitos, os cenários, criam a sensação de algo flutuante, ou então de algo líquido. Como um rio.
Vivemos em tempos de muita informação, insanidade, mortes, Midnight Gospel não poderia ser mais atual como o ano de 2020. Mais uma vez repito a filosofia principal; a espiritualidade é uma camuflagem que nos protege da dor. Todos os episódios possuem uma mensagem que tranquiliza o tormento de muitos questionamentos, que muitas vezes evitamos por medo de sofrer.
Midnight Gospel é uma série pra rever. Não só para pegar algo que deixou passar batido da primeira vez, como também para se sentir bem consigo mesmo. Como numa terapia. Extremamente atual, a linguagem conturbada e ao mesmo tempo tranquila, é um ponto de equilíbrio no caos.
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Bonus: se você gostou de Midnight Gospel, você vai gostar do podcast brasileiro Autoconsciente. Fica aqui a recomendação!
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