De volta ao blog do nada, dessa vez para falar de uma animação que me fez sorrir e ao mesmo tempo lacrimejar, você já sabe né... coisas do estúdio Ghibli.
*Texto By Major Thais
As memórias de Marnie (Omoide no Marnie) foi lançado em 2014 pelo diretor Hiromasa Yonebayashi - o mesmo de ''O mundo dos Pequeninos'' - e o roteiro teve o dedo do Masashi Ando e do próprio Hiromasa, o longa também contou com a produção de Toshio Suzuki (Ponyo, Princesa Mononoke). O filme conta com o selo de qualidade do Studio Ghibli e é na verdade, uma adaptação de um livro de 1967 da britânica Joan G. Robinson, que basicamente conta a história de uma garota insegura e solitária chamada Anna, que vai passar o verão na casa dos seus ''tios'' no interior, afim de respirar um ar puro para se sentir melhor, já que ela estava tendo crises de asma na cidade grande. Lá, ela vai ter uma amizade com uma garota chamada Marnie, que à princípio parece ser fruto de sua imaginação.
Como já era de se esperar do Ghibli, esse filme é muito contemplativo. E claro, grande parte se passa na natureza. Se por um lado temos o sentimento de ''pequenez'' da protagonista Anna, de outro temos lindos cenários a céu aberto, onde o vento circula livremente, empurrando sempre a personagem - que inclusive, tropeça várias vezes no chão. O olhar curioso de Anna a faz olhar para todas as direções, como quem quisesse se encaixar em um lugarzinho onde não pudesse ser vista por ninguém. E é aí que ela se encanta com uma linda casa distante abandonada, que em vários momentos parece uma mansão chique como também um castelo. Lá vai estar sua futura amiga Marnie, que vai instigar a realidade de Anna.
Embora haja algumas alusões de que Anna na verdade está alucinando que tem uma amiga, o próprio filme vai desmitificando isso, mantendo o roteiro mais ''pé no chão'' possível. Ao contrário de muitos filmes da Ghibli, esse não é praticamente nada fantasioso. Como estava dizendo, no começo de sua amizade, parece que há uma ilusão ali, porém, o filme trata de deixar tudo o mais realista possível. Por exemplo, quando Marnie fica na beirada do barco dando a impressão de flutuar pelas águas, o filme deixa bem claro que tudo ali é real, embora brinque com nossa imaginação com pensamentos do tipo "como ela consegue se equilibrar ali?''.
Esse jogo de tentar adivinhar quem é Marnie, se ela é na verdade a personagem Anna, como em um momento indica que sim, se torna um labirinto de possibilidades que representa as inseguranças, medos e dores emocionais de Anna. São como pistas (metalinguagens, simbolismos), que nos confunde mas ao mesmo tempo explica, que Marnie é como alguém que ela gostaria de ser, mas que no fundo ela já é. Enfim, existem algumas divagações sobre isso, que para me aprofundar só vendo o filme de novo para tirar conclusões mais precisas. O fato é que nesse ''balaio de gato'' misterioso, surge um contraponto excelente para a personagem se encontrar como pessoa que no fim, vai ter uma mudança de personalidade significativa.
Esse filme demora pra trazer um conflito mais forte e interessante à tona, como a amizade dela com a Marnie, no entanto, o começo não chega ser entediante. Eu diria que a palavra certa é ''aconchegante''. O clima é muito leve, visualmente bonito, e os cenários trazem uma tranquilidade certeira ao mostrar a vida típica daquela região. É um lugar que cativa, porém, poderia ser encurtado um pouco. Quando a protagonista começa a engrenar e se encaixar ali naquela vida, o clímax e curiosidade flui melhor, e cada cenário em diante é como se transbordasse o sentimento dela, seja num por do sol, uma noite escura, ou as tempestades repentinas. A natureza faz um paralelo que traduz essas emoções em cores, e isso faz com que a história fique mais interessante de assistir.
As Memórias de Marnie é uma obra sobre fazer as pazes com o passado. De entender não só a ancestralidade, como a parte de aceitação das dores que sofreu na infância. E essa aceitação faz parte do que ela é, da história dela, e é daí que surge a energia suficiente para criar a vida desejada. Um filme como este, num momento de caos emocional em que vivemos atualmente, é sempre mais do que bem-vindo.
Um dos filmes do estúdio ghibli mais introspectivo e pé no chão que vamos ver em seu catálogo.ps: gostei muito do post e desse blog me trouxe um sentimento de nosltagia que há muito não sentia.
ResponderExcluiradorei o site, por favor, continuem com o conteúdo, conheci recentemente (ontem), percebi que não há muitos posts de uns tempos pra cá, o que me entristece bastante, pois é muito difícil existir um site com um compilado de entretenimento, sugestões e críticas nesse nível. Não parem, por favor. Não falo isso por mim, falo por vocês (ou você), porque isso daqui, isso tudo, é incrível. <3
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