Há 30 anos o mangá Adolf nos mostrava o quão terrível foi o nazismo e mesmo nos dias de hoje consegue ser relevante pela sua temática, e também pela maneira como Tezuka abordou um assunto tão sério.
Toda vez que eu falo do Osamu Tezuka eu tenho que chamá-lo de Deus dos Quadrinhos, até porque se não fosse por ele aquilo que chamamos de mangá hoje em dia não existiria, se o Tezuka não os tivesse popularizado. Ele criou Kimba O Leão Branco, Astro Boy, A Princesa e o Cavalheiro, Black Jack e Adolf. E hoje estarei comentando sobre um deles, Adolf mesmo lançado em 1983 ainda nos dias de hoje consegue se destacar de tantas outras obras sobre guerra. O mais interessante é que para os padrões da época Adolf tem uma história incrivelmente detalhista, mostra de maneira muito clara o ciclo de ódio que as guerras constrói. Contém um traço mais limpo e simples, coisa não demonstrada em seus trabalhos anteriores pelo fato da sua inspiração nos desenhos norte americanos. Até acho que foi necessário ter essa mudança pois afinal o mangá trata de um assunto muito sério e marcante. O Tezuka é o pai do mangá moderno e neste trabalho prova ainda mais sua competência como desenhista, roteirista e mostra o lado realista da Segunda Guerra Mundial.
Adolf se trata de um mangá dramático mais que porém não tem como meta mostrar a violência visual mais sim se focar na vida de quatro pessoas distintas e como a guerra deu um rumo diferente pras suas vidas.
Três deles tem algo em comum, o nome Adolf. Um deles é o próprio Hitler que se mostra um cara integro e correto em suas escolhas porém com o passar dos acontecimentos vemos sua outra face, um homem insano capaz de passar por cima de qualquer um para conseguir aquilo que quer.
Os outros 2 Adolfs são amigos de infância separados pela Guerra, Adolf Kamil é um rapaz alemão que pertence a uma família de Judeus que fogem para o Japão em busca de um recomeço. Já o Adolf Kaufmann é um jovem mestiço de alemães com japoneses que é enviado á Alemanha onde passou a ser corrompido por um dos livros mais temidos do mundo, o Mein Kampf.
Sohei Toge é um repórter japonês que rouba a cena já no início do mangá se envolvendo em conspirações. Tudo se deu ao inicio quando ele vai na Alemanha para fazer cobertura dos jogos olímpicos de Berlin e de repente recebe uma ligação que conta á ele que tem informações devastadores que acabariam com o Hitler. A partir daí vemos que as diferenças ideológicas traziam violência, como foi o caso de Isao e sua namorada. Antes de morrer ele tinha inúmeras brigas com sua amada até mesmo a batia por apoiar os nazistas, a raiva com o partido do Hitler era tão grande que os comunistas acabavam apelando para a violência e praticamente deixavam de agir de maneira que achava que seria correto, não importava quem fosse.
Nisso tudo começa o plot mais importante do mangá, onde o documento deixado pelo Sohei passa pelas mãos de vários personagens, todos importantíssimos para a história e que tem seus destinhos cruzados. Ele precisa proteger o documento a todo custo por mais que isso signifique uma vida de miséria pelas monstruosidades do Lump, o antagonista.
Lamp é um dos personagens mais queridos do Osamu Tezuka, como se fosse uma marca registrada dele, aparecendo em diversas obras suas.
O que é de espantar é como ele está maldoso e extremamente cruel, se tornando assim um dos maiores vilões em Adolf, que porventura seja o seu papel mais importante.
Esta é uma história fantástica que permitiu ao Tezuka ter uma linguagem mais adulta, humana e realista. Um mangá que todos obrigatoriamente deveriam ler mesmo não sendo um mangá pra qualquer um. O nazismo está sendo abordado de forma menos sanguinária porém tão perturbadora quanto todas as chacinas que ocorreram durante a guerra.
Em cada página percebemos o quão terrível é o destino das pessoas, principalmente daqueles que desafiam esse governo opressor de Adolf Hitler. Mesmo visivelmente retratando a falta de esperança, todas as pessoas que lerem ao mangá poderão pegar uma mensagem positiva. As consequências finais das guerras contidas no meio do oriente médio mostram o quão devastador é o ciclo de ódio. Essas diferenças étnicas derrubam o ser humano por completo causando problemas e trazendo consigo as guerras e por consequência traz a morte.
Esta obra engloba algo mais do que uma simples história dramática da vida real mais que vai a fundo mostrando que tudo já se tratava de uma questão entre Israel e Palestina onde existe uma conexão, que esquecemos mais o Tezuka coloca seus personagens lá para nos lembrar que a coisa vem desde a Segunda Guerra Mundial.
Está obra é indispensável para fãs de mangás, não por ser do Osamu Tezuka mais sim por se aprofundar num tema sério, causando impacto em qualquer ser humano. Uma obra prima que exige respeito, e que deveria ser mais reconhecida pelo público.
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