Resenha: Cowboy Bebop The Movie


''E foi só isso .. Ele estava sempre sozinho ... ele não tinha nunca ninguém para jogar com ele, um homem que vivia de sonhos .... ele era assim.'' Tiroteios, naves espaciais e muito Jazz, tem como não amar Cowboy Bebop? Hoje estarei resenhando o filme, a história paralela do animê!



 Se você clicou nesta postagem mais não faz ideia nenhuma do que se trata Cowboy Bebop eu recomendo clicarem aqui pois estou dando uma visão mais ampla sobre os personagens e todo o plot básico do animê. 
 Pra você que já conhece saiba que este filme retrata uma história paralela ao animê, e que consegue agradar os possíveis fãs frustrados que por ventura não tenham gostado do final da série. De toda forma é um filme agradável de assistir, alias eu não consegui nem piscar para não perder nada, afinal resenhá-lo não é fácil pois é uma responsabilidade muito grande, ainda mais para quem carrega a referencia no nome do blog. Repito o que eu já disse antes em outro post: Se você odeia aquele seu amigo fanboy idolatrando tal série na sua frente saia desta postagem e vá jogar videogame. Afinal é um tanto que impossível eu falar mal de Cowboy Bebop porém eu reconheço que nem tudo relacionado a série pode sair perfeito, eu tenho uma mente aberta pra tentar ver o que no filme não tenha ficado tão bom assim ou vice e versa. Não faço parte daquele grupo de fãs alienados que é só o autor publicar algo relacionado significa algo bom, só porque se trata de algo que você gosta. Porém vamos com calma.

 Sinopse

 Em pleno ano de 2071 Spike e seus companheiros ciganos do Esquadrão Bebop estão passando pelea acidade de Tóquio, até que Faye presencia um ataque bioterrorista que mata cerca de 500 pessoas. Em busca de maiores informações sobre os responsáveis pelo ataque, o governo local oferece uma recompensa a qualquer informação entregue. O Esquadrão Bebop se interessa pela oferta e passa a usar suas táticas para encontrar o culpado pelo ataque.

 Que Cowboy Bebop possui uma animação fantástica isso você com certeza já deve saber, o que talvez você não saiba é como no filme isso está mais nítido. Não só em termos de animação mais em termos de roteiro. O filme nos dá uma porrada de entretenimento bem feito, num ritmo bem elaborado. Sua estréia no Brasil foi em 2001 com 1 hora e 55 minutos de filme, e que filme hein. E não vá pensando que estou afirmando isso porque sou fã incondicional da série, mais porque este filme é demasiadamente bem indispensável para quem gosta de ficção científica, com cenas de ação contendo pequenos alívios cômicos, isso sem deixar o suspense de lado. Entretanto ele possui mais qualidades do que se pensa. Ele vai além de simples cenas embasadas em seu gênero proposto, ele mostra que tem um conflito altamente inteligente. A beleza da obra talvez não esteja nos grandes acontecimentos mais sim nos pequenos detalhes, ou o modo em que cada diálogo traz uma percepção de um futuro bem promissor porém traiçoeiro, e nada mais justo do que comentá-lo etapa por etapa, nesse caso entrem na nave Bebop junto comigo e vamos viajar nesse mundo fantasioso ao mesmo tempo tão real.


  A história do filme gira em torno de uma recompensa (o que não é novidade) mais o que a faz ser especial é que mesmo considerando um caso que devia ser ignorado (até porque não era nem certeza da sua recompensa estar vivo depois daquela explosão) todo mundo se uni no seu estilo individual de ser para achar pistas sobre a recompensa, é como disse o Jet ''Um coisa grande demais para nós''. Sendo assim ele chega a ser um filme relevante pelo fato da atitude que os personagens tem com um caso que aparentemente só poderia ser mais entre muitos outros. O que hipoteticamente se tratava de algo sem importância na verdade trazia muitas coisas em jogo, como por exemplo a vida de toda raça humana. Ainda bem que Spike confiou no instinto feminino da Faye.
   No inicio vemos o quanto Spike resolve as coisas com naturalidade, como por exemplo na hora em que entra no supermercado e dá uma coça nas fusas dos bandidos com seus fones de ouvido. Em apenas uma cena agente consegue ver o que o Spike é de verdade, ou seja, toda a personalidade esta visivelmente exposta num único ato. Relaxado, tranquilo, confiante, e um tantinho que egoísta. Não estamos se tratando de um herói que luta com bandidos para salvar um supermercado de maiores problemas mais sim de alguém que está lutando por um trocado pro seu almoço.  Spike resumiu numa frase o que ele e seus parceiros são:
 ''Não somos da polícia ou de uma instituição de caridade, sinto muito mais não protegemos ou servimos (.....)''

 Isto significa que o objetivo do seu grupo não é proteger não é servir. Não é ajudar a polícia ou livrar o mundo dos bandidos, mais sim conseguir a sua recompensa. E a recompensa não é o reconhecimento da sociedade mais sim o dinheiro pra poder sobreviver numa era avançada em todos os aspectos, inclusive avançada em egoísmo. Certo dia ouvi um cara dizer que não gosta de Cowboy Bebop porque acha que o Spike é um tanto que ''cuzão'' com seus parças. Acho que está faltando um pouco de percepção pra poder distinguir sobre personalidade, pois hoje em dia as pessoas confundem uma coisa com a outra com muita naturalidade. Spike tem um jeito único que raramente encontro em qualquer outro personagem de animê, talvez seja isso o motivo pela qual gosto dele. Me identifico muito com a maneira que ele age, que ele pensa e que ele se comporta. Não é questão de ser chato é questão de individualismo, não significa que eles sejam egoístas. Eles tão agindo pensando no bem do seu esquadrão, acho que só aí que entra o egoísmo. No fundo eles agem cada um por si porém são atitudes que são pensadas no grupo todo. E isso a torna tão atraente de assistir, como foi o caso deste filme.


  O ambiente do conflito se passa mais na cidade de Tóquio do que nas galáxias (não desmerecendo o filme). E o motivo é muito simples, é o modo que tudo flui na hora certa. Nada de afobação ou de uma correria sem sentido. É como se tivessem guardando o recheio do bolo mais ao fundo, e enquanto você não chega na parte deliciosa você prova a massa. Mais não pense que se trata de uma enrolação pois a rivalidade tem de ficar mais longa, afinal estamos se tratando de um filme. Todavia vemos lutas magníficas onde cada soco tem um significado, nada ficou fora do lugar.
  Uma coisa legal que sempre gostei na série é como eles lidam com a tecnologia . Mais não é só a modernidade que sempre me chamou a atenção, as pessoas também evoluíram junto com essa maré, eu falo da personalidade da sociedade. Um exemplo disso é a polícia que não se interessa em desvendar os crimes e muito menos descobrir o que há por trás do vírus que se alastrou, mais sim sempre dispostos em cobrir suas próprias falcatruas. Não que isso não exista no século em que vivemos, contudo mesmo com a tecnologia extremamente avançada eles não conseguem acabar com a corrupção e muito menos excluir do mundo o grande mal da civilização: a ganância.
''Tudo é uma faixada, homens de terno tentando subir na vida e todos os outros mantendo informações internas por mixaria, o sistema é podre de cabo á rabo''.


 O filme não foge da ideologia do animê, muito pelo contrário, ele foi bem episódico só que mais estendido, o que é totalmente compreensível. Era necessário explorar o máximo possível de ação, seus personagens e suas relações, além da investigação ter mais uma dose de suspense o que tecnicamente traria algo cansativo porém no caso deste filme houve uma extração mais ampla, resultando em algo incrivelmente bom. Digamos que foi uma autópsia, uma apuração mais funda do que enredo podia supostamente oferecer, ele foi além, ele se atreveu a ser uma dissecação para poder trabalhar todos os detalhes, tudo o que se movia em volta por dentro e fora.
 Por esses motivos que criaram uma história onde pudesse explorar melhor os protagonistas. Trabalhar melhor a questão de um vilão em jogo de uma forma  mais profunda onde nós poderíamos compreender no desenrolar da trama, também tinha aquela coisa em comum entre o Vincent e o Spike em que vimos no animê isso se tornou mais um ponto positivo para aproximar os personagens, sua rivalidade ser explorada mais á fundo.
  Essa adaptação foi bolada sem erros, e de forma inteligente.


 Em relação á dublagem brasileira ocorreu tudo perfeito o que me incomodou um pouco é a dublagem da Ed que de certa forma ficou um tanto que sem vida, no original japonês a dublagem mostra mais a inteligência insana da nossa garotinha geek.
 Houve algumas frases que teve umas pequenas mudanças sem sentido como ''e você vê se não me encha a paciência'' no inglês é '' you take too long to take a shit ''. Ou seja, são umas traduçõeszinhas meio fracas, poderiam ter sido poupadas dessas pequenas censuras.
  No geral ficou um bom trabalho, esses detalhes não tiraram o brilho do filme.

 É incrível como até o Ein (cachorro) ajudou nas investigações ajudando a ter mais alívios cômicos e diga-se de passagem com mais leveza. A sequência do clímax foi um desafio ao impossível, entrelaçando cada luta numa iniciativa cinematográfica muito digna aos nossos olhos.
Frases filosóficas e poéticas estiveram presentes no filme, como essas do Vincent (vilão):
''Eu não tenho medo da morte, elas significam sonhar em silêncio... um sonho que dura para sempre.''
 ''Eu queria sair desse mundo de sonhos, eu fiquei procurando a porta que me libertaria .. agora eu entendo, nunca existiu uma porta pra eu sair''.
''Ah Elektra .. dos dias em que vivi só os que passei com você parecem reais''... 



 Como vocês puderem percebem depois de ler essas frases o filme não é fruto só de uma incrível competência técnica mais também de uma habilidade de tentar decifrar os mistérios da existência humana, até mesmo da existência da morte. Com essa sagacidade maravilhosa eu posso afirmar com toda certeza que esse filme é literalmente uma viagem, uma ponte pra você sair do purgatório (da terra) e ir de encontro a uma escala para o céu. Além de tudo isso tem uma trilha sonora estupenda, passando ao Folk rock, Soul, Country, e muito Jazz o que obviamente não podia faltar. Melhor trilha sonora que isso não existe!



 Você está vivendo num mundo real?


fiquem aí com o Trailer do  Cowboy Bebop: The Movie (2001)
Diretor: Shinichiro Watanabe

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