Ta, quantas vezes disse aqui na Nave Bebop que o Hayao Miyazaki é gênio? Uma? duas? talvez três? Quem leu as minhas resenhas de Princesa Mononoke, Nausicaa ou Porco Rosso sabe que não meço esforços para ressaltar a sua genialidade. No entanto, não costumo dar um veredito final ao Miyazaki, pois ainda não vi todos os teus trabalhos. Por isso, estou retomando a tarefa árdua de terminar de ver todos os outros, e consequentemente resenhá-los qui na Nave.
Antes de iniciar, devo alertá-los que este post está dividido em 2 partes. A primeira é a resenha comum e sem spoilers. A segunda é a teoria da conspiração a cerca de Totoro.
Sinopse
Duas meninas se mudam com seu pai para o interior do Japão, com o objetivo de ficar perto da mãe (que está internada em um hospital). Lá, elas viverão muitas aventuras ao lado do espírito protetor da floresta Totoro, que na verdade chama-se Torōru (do inglês troll), mas a caçula Mei não consegue pronunciar este nome. Ele vive próximo da nova casa, em uma cânfora gigante. Inicialmente, apenas Mei pode vê-lo, depois a mais velha Satsuki também tem sua chance de o encontrar. (Fonte: Wikipédia)
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É, eu sei. Vendo pela sinopse a história não é lá chamativa, e de fato não é. Porém, é nessa simplicidade que ela consegue chamar a atenção. Curioso não?
Quem assistiu sabe, que tudo mostrado ali é inocente, puro e ingênuo. Você se torna criança junto com a adorável Mei e a sua irmã Satsuki. Não importa que idade você tenha, é impossível não se cativar com o clima. Não tem assunto de vida ou morte, ou aquela mensagem ecológica explícita. Não há uma abordagem adulta, mais sim algo despretensioso. Sem compromisso.
O enredo não tem objetivo. Isso poderia resultar em uma proposta ruim, mas sabemos que Miyazaki poderia contar a história de uma pedra, e mesmo assim ele tornaria em algo relevante. Eu gosto desse jogo de quebra regras, e o modelo de ”conte o que você quiser”. Sem se prender em nada, Meu amigo Totoro se filtra apenas na convicção de resgatar a pureza de uma criança e transformá-lo em algo belo (e de fato é). Algo pra ser apreciado e contemplado, como se fosse uma pintura. O engraçado é que o filme não fica só naquela de ”Oh, como tudo isso é fofinho!” mais sim em ” Poxa, eu também quero ver o Totoro”. Percebe a diferença? Ele não trabalha exclusivamente no quesito aparência, entretanto, ele convida o público a participar da história, e isso é bom.
Fala sério, qual criança nunca acreditou em fantasmas?/qual criança não é curiosa?/ qual criança não gosta de brincar sem pensar nas consequências? Enfim, posso resumir que a história é desartificiosa, e verdadeira.
Pois bem, vamos aos detalhes técnicos. Começando pelo Totoro, que sem dúvida é um personagem cativante ao extremo. Tão incrível que só poderia ter sido criado pela mente de uma criança. A mesma coisa digo do gato ônibus. Acho essas idéias tão geniais como as coisas doidas que acontecem em A Viagem de Chihiro. A diferença é que lá ocorre um conflito mais rapidamente, e consequentemente se torna algo perturbador. Porém, não acho que seja mais relevante que este. Dentro do que o Miyazaki se propôs fazer, como resultado saiu perfeito. Não há nenhuma possibilidade de eu chegar e dizer ”Bem, esperava mais” ou ”Achei este filme o mais fraco” e coisas do tipo. Porque isso vai de pessoa pra pessoa, de gosto pra gosto. Seria completamente egoísta da minha parte julgá-lo por preferencia. Eu preciso sim fazer comparações dentro do histórico dele, oque não pode acontecer é criar uma imagem do Miyazaki e prendê-lo exclusivamente nisso, sem abrir a minha cabeça para novas propostas.
Com base nisso, eu afirmo com todas as letras: Meu amigo Totoro é genial. Fim de papo. Se ele é o mais fraco ou não, daí vai de cada um, mas que o filme cumpre bem a sua tese, isso é evidente.
Veredito: Sem desgraças, e sem vilões. ‘Meu Amigo Totoro’ não se prende a nada, e mesmo assim consegue conquistar as pessoas pela sutileza de contar as coisas. É sensível, e humano. Ponto final.
Teoria da Conspiração – O lado obscuro de Totoro
Hoje em dia, como todo o mundo sabe, praticamente todas as coisas tem uma teoria da conspiração. Independente de ser verdadeira ou falsa, o que eu acho divertido é o boato. Não deixa de ser interessante, mais não significa que seja um fato. Navegando pelas internet’s da vida, encontrei algo bem curioso e queria dividir com vocês. Acho que a maioria já deve saber, mesmo assim quero reforçar esse conceito duvidoso.
Bem, tudo começou com o boato de que a história é baseada num assassinato que ocorreu no Japão em Maio de 1963.
Se você não assistiu, cuidado que abaixo tem spoilers.
- No começo do filme, quando Mei e Satsuki estão abrindo as janelas da nova casa, elas encontram umas bolinhas pretas fofinhas, chamadas “susuwatari” (煤渡り), dizem que ver essas bolinhas, e claro, o Totoro é um sinal de que a morte se aproxima.
- Satsuki e Mei estavam mortas. E durante o filme todo, o pai conversando e brincando com elas, etc., é apenas uma lembrança dele brincando com suas queridas filhas.
- Satsuki e Mei são as únicas que veem Totoro porque ele é um espírito que as pessoas veem antes da morte. Ou seja, o viu, já sabe que vai morrer. E o gato-ônibus (ônibus-gato) é um transporte de pessoas mortas.
- Mais um ponto a ser lembrado: o poster do filme (vide inicio da matéria) no poster, aparece Mei, com as roupas da Satsuki ao lado do Totoro, na cena do filme, Mei está dormindo nos ombros de Satsuki. Então por que ambas não estão no poster?
- Quando as meninas estão no nekobus, que decidiu dar uma carona a elas no hospital para levarem o tal milho a mãe, o ônibus toca uma melodia, cuja uma das frases nada mais é que 乗ったお客は陽気なおばけ” notta okyaku wa youki na obake, na tradução ”aqueles convidados que andam aqui são alegres fantasmas”.
- As sandálias achadas no lago eram de Mei
- no final do filme, Mei está sem sombra.
- A cena em que as garotas estão dançando com Totoro em volta de uma semente e ela se transforma numa árvore. Repare que o pai está sozinho fazendo seus afazeres (escrevendo) e, ao olhar para fora, não vê nada. Ou seja, aquela, sim, é a cena está se passando no presente, com elas já mortas. E mostra claramente que as outras cenas apresrentadas no filme são apenas lembranças.
- O filme acaba por aí, mas conforme toca a musica dos créditos, aparecem cenas da vida deles, quando a mãe volta do hospital, os 4 felizes e alegres, mas se você ignorar os créditos, e se focar somente no final, realmente parece que elas já estão mortas, e diga-se de passagem, Mei está tantas vezes sozinha, que fica difícil até saber se ela foi “morta” na história do milho, ou antes, porque brechas para um assassino pedófilo sequestrar uma menina, não faltaram.
- O hospital onde o filme se passa e também sua conexão com o hospital original, ambos tratavam de tuberculose na década de 50/60, onde muitas pessoas morreram por causa da doença, isso explica o porque da mãe “ouvir as meninas”, ela mesma estava perto da morte.
Fonte das teorias: Medo Sensitivo - Diário Cinéfilo .
Só deixando bem claro que eu não acredito nessas histórias. Mais acho interessante a lógica.
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Nota: ( 4,0/5,0)
Mais e ai, você acredita na teoria da conspiração? o que achou da proposta do filme? seu comentário é sempre bem vindo! Em breve terá mais viagens do Studio Ghibli pra vocês. Até a próxima terráqueos!
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