Boku no Hero Academia: Tudo o que você já viu antes, de um jeito igualmente legal

Papo rápido sobre aquele anime que eu sei que você viu.

Eu não gosto de filmes de super-heróis. Já li alguns quadrinhos, mas nada impactou minha vida com intensidade, sabe? Eu sei que existe muitas obras boas, mas nada me impactou fortemente a ponto de chamar de ''meu favorito''. Hoje em dia, quando vejo algo do tipo, é mais para passar o tempo. Eu sei que nos minutos seguintes eu vou esquecer de tudo o que vi.

Como podem perceber, sou uma péssima nerd. No entanto, isso não demonstra que abomino o tema. Já vi muita coisa boa saindo daí, como também muita coisa ruim. Porém, nada que faça meu coração bater mais forte como já dito. Ainda sim, não tapo meus olhos para o que surge de novo dentro da temática, e uma delas, é Boku no Hero Academia. Depois do esplendoroso One Punch Man, essa adaptação veio pra arrebatar os órfãos de super-heróis, deixados pelo homem de um soco só (talvez não de maneira tão calorosa). E eu vou ser sincera, gostei mais de Boku no hero do que de One Punch.

Esse anime de 13 episódios, é adaptação de um dos mangás shonens mais comentados ultimamente, escrito e desenhado por Kōhei Horikosh (autor de Barrage e Ōmagadoki Dōbutsuen), sendo lançado em 2014, estando ainda em publicação. No Brasil, o mangá vem pela editora JBC. O anime foi produzido pelo estúdio Bones, tendo a direção de Kenji Nagasaki, e trilha sonora de Yuki Hayashi.


O clichê está presente em Boku no Hero Academia desde o inicio, começando pelo plot. Izuku Midoriya é o único garotinho normal, no mundo onde encontrar super-heróis na rua é perfeitamente comum. Agora, adivinha o sonho desse moleque? Sim, ele deseja ser um super-herói. Mas não qualquer um, ele quer ser o melhor (olha o clichê aí)! O problema é que ele não possui nenhuma ''individualidade'' ou ''peculiaridade'' como é dado o nome para os poderes que cada um possui. Agora ... como um simples garoto, sem nenhum tipo de poder, poderá se tornar um grande super-herói? É sobre isso que a obra irá mostrar.

Eu ignoraria facilmente esse anime, se não fosse vindo de um mangá tão falado. Eu confesso que cheguei a ler o começo do mangá, e achei bom, porém, não prossegui mais na leitura. Confesso também que eu não daria muita bola se não viesse de um estúdio considerado bom, e não tivesse alguém no minimo competente pra dirigir. Ler a sinopse, pra mim, é como colocá-lo na lista do ''deixa pra lá'', ''quando tiver tempo'', ''um dia, quem sabe'' e ''hoje não''. Isso porquê,  os fatores externos  foram mais gritantes, do que a sinopse em si, caso contrário não daria uma foda. Não me parece ser nada demais, e de fato não é. Só que é um ''nada demais'' tão divertido, que me faz parar pra colocar essa obra como exemplo de que dá pra ser sim, clichê de um jeito legal.



Quando alguém fala que tal anime ou mangá é clichê, automaticamente, lhe vem na cabeça de se tratar de uma obra ruim. Mas calma, que não é sua culpa. O que acontece é que estamos tão mal acostumados com o sentido que impregnam à essa palavra, que isso é facilmente compreensível. Temos mais exemplos de obras que reciclam o óbvio de maneira chata do que boa. Mas nem sempre clichê é sinônimo de chateza (acabei de inventar essa palavra). Boku no Hero não veio apenas para reacender a chama daqueles que gostam de um bom shonen, mas também para nos fazer lembrar de que existem exceções. Dá pra usar o velho com sabor de novo. E nisso, não há nada de errado.

Para mim, essa primeira temporada é feita pra você relaxar. Desligar o cérebro por alguns minutos. Não porque a história é pobre e ruim, mas porque ela não tem tantas camadas - falando especificamente da primeira temporada do anime pessoal, não se esqueçam. Ou seja, não têm mensagens ocultas, ou coisas pra você ficar horas refletindo. Vou pegar One Piece como exemplo já que se parecem um pouco na questão de positivismo; não é preciso ser nenhum perito pra perceber que One Piece tem um universo bem construído, isso porque o Eichiro Oda constrói em cada país onde os chapéus de palha visitam, em um lugar que tudo vai fazendo sentido. Ele usa o clichê inventado por ele mesmo em todos os arcos, e mesmo assim, na maioria das vezes, fica um coisa legal, porque o Oda faz de um jeito que fique assim, contando um pouco sobre as pessoas que vivem ali, e todos o mecanismos daquela ilha. Em Boku no Hero não. O protagonista vai numa escola de heróis mas em momento nenhum dá pra ver a profundidade de tudo aquilo. Motivo disso tem causa, e isso pode ser explicado com o ausência de porquês. Aquele mundo funciona daquele jeito e pronto acabou. Porém, o que faz uma obra simples ter o efeito genérico de One Piece nas pessoas? Como uma série não tão detalhada causa quase o mesmo divertimento?




Olhe para a cara do protagonista. Olhe para o ídolo dele. Olhe para a força de vontade do moleque, e toda aquela ingenuidade. Tem como não gostar? Mesmo tudo sendo tão simples, a série consegue ser carismática de um jeito que te prende. Mesmo sendo um pouco mais arrastada como deveria, mesmo tendo os seus defeitos. É como assistir uma novela, só que bem feitinha. As coisas que acontecem tem coerência, mas falta um aprofundamento. Uma conexão mais intima. Pra mim, que não gosto com efervescência de histórias de super-heróis já é algo a se esperar. Dificilmente eu vou me identificar, derramar lágrimas, ou ficar horas pensando naquele universo (embora tenha tido uma experiência dessas com One Piece, mas como não se trata de super-heróis não conta). BokuHero é aquilo que já esperava de uma história do gênero, portanto, em momento nenhum houve decepção.

Eu não estou aguardando nessa série um novo Naruto, One Piece, ou HunterxHunter - embora em alguns momentos exista um pouco de brecha. Boku no Hero não tem culhão para isso, ao menos por enquanto. Mas estou sim esperando uma história ainda mais divertida daqui pra frente - visto que a série ganhou uma segunda temporada. Daquelas que eu perco as horas, e esqueço do mundo lá fora durante a exibição. Que me faz acreditar na ingenuidade como meio de escape, num universo que a violência se torna tão corriqueira, e sem um motivo forte para tal. Que me faz acreditar na verdade, e na bondade de algumas pessoas. De que poderes não caem do céu. E todo àquele 'blá, blá, blá' que estamos carecas de saber. Mas que não deixa de ser abominável e isento de novas possibilidades, não é mesmo?
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