Um protagonista idoso. Pronto. Isso é o suficiente pra querer ver essa série. Agora, acrescente crítica social (não tão foda) e ficção científica. Sim, parece meio confuso né? Pois se acostume-se. Inuyashiki é o tipo de história dramática que mostra tudo com intensidade. Tudo é questão de vida ou morte. Ao contrário do que por ventura possa aparentar, ele não tem sub-camadas extremamente interpretativas. É uma série muita clara em cada situação, dá pra entender bem o que está acontecendo. O único porém fica por conta do rumo esquisito que a história anda. Sinceramente, eu não tenho ideia do que o autor original quis com essa obra. Talvez chocar? Não, ele já fez isso antes com Gantz. Bem, talvez criticar a juventude nutella? Sim, mas onde está a consistência, raiz do problema ou possível solução? Nos 11 episódios adaptados pelo estúdio MAPPA não consegui ver algo mais direto ao que veio. Inuyashiki pra mim, foi uma bagunça de elementos que não se casam, e não querem dizer nada de novo ou relevante. Mas ainda sim, há alguns pontos que se salvam. Nem tudo foi um mar de pedras.
A história mostra uma espécie de disputa entre herói e vilão. Um quer salvar, e o outro matar; ambos são levados pelos seus instintos humanos. O bem e o mal é representado por duas faixas etárias: a adolescência e a velhice. Enquanto a juventude é representada como vazia e fria, os idosos são representados como os corretos e sabichões. É um olhar bastante infantil parando pra pensar, essa coisa de rótulos, mas ainda sim válido pela crítica - mesmo que infundada e mal explorada com o passar dos episódios. Até aí tudo bem. Esse é a premissa basicona. Por ora, paremos por aqui.
Antes de contextualizar mais sobre a história, é válido dar algumas informações sobre a obra. Inuyashiki é fruto de um mangá escrito e ilustrado por Hiroya Oku (sim, o mesmo de Gantz). Foi compilado em 10 volumes pela Kodansha. No Brasil, ele está sendo publicado pela editora Panini. Eu não li o mangá, então, não comentarei sobre ele, apenas o anime feito em CG3D que recentemente finalizou pela direção de Keiichi Sato (Gundam Unicorn) junto com o Yabuta Shuhei (Shingeki no Kyojin, Kabaneri).
Inuyashiki não é tão bom na ficção científica que ele carrega. Na verdade, desde o começo, essa característica foi algo inexistente pra mim. O fato de alienígenas transformarem o idoso e o adolescente em máquinas só porque estavam no mesmo lugar, é só uma desculpa pra ter dois robôs na história. Essa informação não tem fundamento ou base nenhuma. Quem são esses alienígenas e por que fizeram isso? o que querem? Em onze episódios, não teve um só momento que pudesse responder isso, ainda que de relance. Não sei se no mangá eles explicam melhor, eu espero que sim. No entanto, um mal desenvolvimento pode comprometer toda a história, visto que se trata de um dos pilares da estrutura que sustenta a trama. De qualquer forma, o sci-fi desse anime é o ''café com bolachas'' que já estamos habituados. Duas máquinas se enfrentando. Uau, que .... bacana (insira aqui um sorriso sem graça).
Alias, a motivação de ambas às partes, são bastante rasas. O que poderia ser o 'fim que justificasse o meio' - já que o pontapé da história é só um chute sem direção e razão convincente - é uma das coisas mais clichés dos animes. Tudo bem que eles fazem isso porque querem resgatar o que tem de pior e melhor da humanidade que ainda resta neles, mas a motivação é crua. Diversas vezes dá a impressão que tem dois caras fazendo o que fazem, por fazer. É assim e pronto. O jovem vilão matando pessoas à sangue frio só porque é um adolescente que gosta da jump e internet NÃO são motivos plausíveis para o ato. O idoso salvando pessoas apenas porque ele é bom de coração, também não justifica nada. Talvez se tivesse apenas um rápido flashback mostrando como eles chegaram a ser o que são, estaria mais do que suficiente pra ter um duelo de gigantes.
Por outro lado a animação de Inuyashiki não decepciona tecnicamente. Eu esperava coisa pior vindo desse CG3D. Assim como já tornou de praxe, com o decorrer dos episódios a qualidade decai, mas não estraga a animação como um todo. Gostei das expressões dos personagens, principalmente do Sr. Inuyashiki, o senhorzinho protagonista é um dos que mais sabia transmitir emoção ao meu ver. Sobre a trilha sonora, nada muito marcante, mas a abertura é uma das melhores do ano.
Já sobre os personagens secundários, não gostei de nenhum. Muitos deles são insignificantes ou não fazem sentido. Por exemplo, Mari, a filha do idoso não faz nada de útil na trama. Yuko, a mãe do Shishigami (vilão) é uma escada sem graça e sem emoção, ao contrário do que deveria ser. O Amigo do Shishigami que depois *Spoiler leve* muda de lado e apoia o Inuyashiki *fim do spoiler* (que agora esqueci o nome) ajuda um pouco em algo na história, mas era o mínimo que se esperava. De resto, é um bundão. O último episódio foi ridículo para ele. Na hora que ele fica sabendo que o Shishigami vai tomar uma atitude grandiosa, ele meio que fica com dó do ex-amigo. Se ele estava chorando e berrando pelo por ele, que mostrasse isso antes. Dentro daquele contexto, achei esquisito.
Já sobre os personagens secundários, não gostei de nenhum. Muitos deles são insignificantes ou não fazem sentido. Por exemplo, Mari, a filha do idoso não faz nada de útil na trama. Yuko, a mãe do Shishigami (vilão) é uma escada sem graça e sem emoção, ao contrário do que deveria ser. O Amigo do Shishigami que depois *Spoiler leve* muda de lado e apoia o Inuyashiki *fim do spoiler* (que agora esqueci o nome) ajuda um pouco em algo na história, mas era o mínimo que se esperava. De resto, é um bundão. O último episódio foi ridículo para ele. Na hora que ele fica sabendo que o Shishigami vai tomar uma atitude grandiosa, ele meio que fica com dó do ex-amigo. Se ele estava chorando e berrando pelo por ele, que mostrasse isso antes. Dentro daquele contexto, achei esquisito.
Ah, não posso esquecer da garota e sua vó que viram cúmplices de um assassino super procurado. Estranhíssimo. Talvez o autor quisesse mostrar que as adolescentes quando se apaixonam ficam cegas e não enxergam os defeitos do seu crush. Essa é a única explicação que encontrei. Já o Shishigami se apaixonando por ela, foi uma das maiores coisas mais 'nada a ver' do anime.
E como estamos falando do Shishigami, foi o personagem mais legal da série - tirando isso que acabei de citar acima. É interessante o quanto ele muda na série, embora em atitudes repetitivas; ora do bem, ora do mal. Enfim, é um personagem muito mais interessante que o Inuyashiki que permanece o mesmo até o fim.
O anime tem uma dramaticidade bem exagerada. As mortes são bem cruas, chocam pela frieza. Mas com o passar do tempo vai ficando só irritante. De qualquer forma, Inuyashiki é um anime que sabe prender a atenção, e tem uma boa direção, visto que o diretor conseguiu adaptar todo o mangá em 11 episódios. Mesmo com suas falhas, é um bom anime de ação, e sabe ser imprevisível quando tem que ser. Minha crítica negativa maior fica por conta da sua mensagem final que é uma bela incógnita. Não entendi qual foi a intenção do autor com tudo isso. Por fim, ficarei com a opção de que ele apenas quis entreter, sem maiores aprofundamentos. Nisso, ele soube fazer bem.
PS: Um dos maiores acertos de Inuyashiki foi o presidente Trump no último episódio dando o comunicado do fim do mundo. Eu ri, mas é trágico. Talvez seja essa a mensagem mais impactante do anime.
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