Sério, o que tem na água que esses japas tomam?
Expectativas correspondidas com sucesso. Assim defino a minha experiência com Space Dandy. E não é puxa-saquismo da minha parte, mesmo que meu coraçãozinho tenha batido mais forte quando soube que Shinichiro Watanabe iria estar envolvido. Mas antes de mencionar o ponto G, que tal refrescarmos a memória? Fiquem com uma pitada do meu primeiro texto explicando o plot básico da história (Caso queira ler por completo o post de primeiras impressões clica aqui).
''....(..) Primeiro temos um cara que parece ser meio Buck Rogers e meio o grande Lebowski vivendo num total clima Star Trek. Isso sem esquecer que as poses de Dandy lembra as do Spike Spiegel, só que num lado mais cômico e galanteador da coisa. Por fim das dúvidas, ele é quase praticamente um Han Solo. Extremamente carismático, Dandy é acompanhado do seu robô QT, viaja pelo espaço para caçar alienígenas de espécies exóticas em troca de dinheiro. Nessa busca, eles acabam indo para um lugar chamado Boobies -Nota-se que é uma espécie de Hooters, uma cadeia de restaurantes ”casual dinning” estadunidenses, que se foca na clientela masculina contando com mulheres trajadas com roupas sensuais e de patins. Dandy parece se importar mais com os bumbuns das moças do que em encontrar mesmo os aliens. Então basicamente não dá para saber se ele é um cara garanhão que finge que sabe caçar, ou ele é realmente o fodão das galáxias que de vez em quando dividirá cenas com moças pra descontrair o momento.
Voltando para a história, Dandy acaba encontrando Meow, que de início acha que seja pertencente a raça que tem que ser registrada , mas depois ele acaba se tornando seu parceiro. Meow é um gato alienígena que assim como ele, adora cobiçar as meninas em Boobies. Ele recebeu esse nome de ”Meow” porque nem Dandy e nem QT conseguiu entender seu verdadeiro nome (alias, a cena em que ele pronuncia seu nome foi muito engraçado por sinal). Depois disso, Meow tenta ajudá-los levando-os para um planeta onde aparenta ter aliens para serem capturados. Mas enquanto ta rolando tudo isso, há uma guerra entre dois grandes impérios da galáxia onde até o Dandy de alguma forma está envolvido, e ainda para piorar ele está sobre uma sentença de ser capturado vivo ou morto. (...) ''
Há muito o que discutir sobre (embora eu não saiba por onde começar). Mas, uma coisa é certa. Space Dandy não foi só o anime do ame ou odeie da temporada de inverno, como também foi um dos grandes destaques, mesmo que muitas pessoas o tenham abandonado antes mesmo da sua metade. É o que sempre digo, criar expectativas é bom, desde que você saiba qual o limite. Com a direção de Shingo Natsume, e a supervisão geral de Watanabe, Space Dandy desde o inicio exigiu que as nossas expectativas fossem reavaliadas. E isso tudo por que? Porque não tem como saber o que pode vir, e muito menos o que esperar. Literalmente, tudo era possível. Tendo isso em mente, muitas pessoas cometeram o equívoco de logo criar uma imagem na cabeça sobre o roteiro e tudo o que logo se sucederia, o que obviamente ia resultar em decepção. E isso é terrível pois você perde uma experiência maravilhosa por achar que o erro está nos responsáveis pela obra, quando na realidade o erro está em você. É legal fazer apostas sobre animes da temporada? lógico que é. No entanto, quando souber que aquela obra não segue o script que a sua mente produziu, não se espante e nem encare isso como algo negativo. Ser surpreendido nem sempre é sinônimo de decepção. Muito pelo contrário.
Dito isso, eu só tenho pena de quem desistiu de Space Dandy, definitivamente, não sabe o que perdeu. Mas nunca é tarde pra voltar atras. Quer algumas razões para dar uma segunda chance? Pois bem, fique agora com 05 porque's de Space Dandy ser tão interessante.
Motivo
de número 05 – 'Zoeragem'
Uma característica bastante evidente, é o lado cômico da série. Nos dois Primeiros episódios eu havia estranhado bastante, mas isso logo foi embora quando peguei no embalo da coisa. Space Dandy não só reúne diferentes formas de se fazer humor, como também os distorce, e brinca, de maneira estranhamente muito interessante. Engana-se quem pensa que tudo mostrado lá é pura ''zoeragem'' que nada pode ser levado á serio. Até porque existem episódios em que a porra fica mais séria, e é aí que entra um ponto bastante forte. Mesmo Space Dandy apresentando conflitos mais sérios como por exemplo um apocalipse zumbi, o anime sempre arranja uma brecha para brincar de uma forma bastante criativa sobre aquilo, ou sobre qualquer outra determinada situação. Pode até parecer meio bobo em alguns momentos, ou até mesmo colocado de forma bastante inteligente, o humor sempre estará escrachado como uma forma de sátira, ou até mesmo como uma forma de tirar sarro da situação.
É por esses e outros tipos de variações que torna essa característica tão natural, e tão bem sacada. Existem um ou outro episódio em que a ''brincanagem'' acaba se tornando prioridade, e o ritmo acaba por si só tendo como um único propósito: diversão. Há quem enxergue Space Dandy como um anime exclusivamente divertido que não leva absolutamente nada a sério, entretanto, mesmo concordando em parte, existem momentos bem sérios e um tanto que confusos, porém tenho certeza que isso pesará no fim das contas, e que, de alguma forma todos os episódios passarão a fazer maior sentido. Mas isso é assunto para o próximo tópico.
Motivo
de número 04 - Referências
É óbvio que eu não consegui pegar e notar todas as referências, até porque são muitas. Sendo assim, vou lhes contar as que percebi por ordem não cronológica.
Não vou lembrar qual foi o episódio exatamente, mas tem um em que existe uma corrida espacial que lembra muito Speed Racer e Star Wars I. Tem também no último episódio em que o robô QT se apaixona por uma robôzinha de uma tal lanchonete, como se não bastasse esse sentimento carinhoso lembrar aquele outro robô de ''2001- Uma Odisséia no Espaço'', tem uma hora em que muitos robôs estão no lixão fazendo uma espécie de protesto, uma reivindicação dizendo que eles também tem sentimentos e tal, e essa cena particularmente me lembrou o filme A.I. Inteligência Arficial só que ao contrário. No filme as pessoas estão reunidas num parque, gritando feverosamente indo de encontro ao ódio aos robôs, já no anime é como se tivesse sido uma ''carta-resposta'' pra aquelas pessoas do filme. Ou será que só eu estou vendo demais?
Independente se estou vendo demais ou não, é fato que o clima esta voltado totalmente aos filmes de ficção-científica, bem como das décadas de 70 e 80. Não posso esquecer também de mencionar que a cultura pop norte-americana também está bem inserida, seja como no nome de certas coisas, ou de qualquer outra maneira. O nome Boobies que o Dandy tanto fala, foi inspirado num lugar estadunidense que é nada mais é do que, um restaurante que se foca na clientela masculina, contando com mulheres trajadas com roupas sensuais e de patins.
Temos também os clichês clássicos de animes espaciais, até mesmo referência a Jornada nas Estrelas, sem esquecer também o Guia do Mochileiro das Galáxias. Fãs da obra de Douglas Adams com certeza se sentiram familiarizados com Space Dandy.
Claro que há muita referência para a própria cultura do japão, como a religião, ou o lamén. E por último, como eu não poderia deixar de dizer, existem sim comparações com Space Dandy e Cowboy Bebop, como a de Woolongs. E vou entrar em polêmica aqui. Eu não sei vocês, mais eu acredito que Cowbe e Dandy fazem parte do mesmo universo. Eu sei que essa ideia é bizarra, mas comparado ao que vimos ao longo da história, me diga, porque isso não seria realmente possível?
Motivo
de número 03 -Despretensioso
Uma outra característica que me surpreendeu bastante foi a tamanha despretensiosidade de Space Dandy. Fazia um bom tempo que não via algo parecido. Na verdade, esse anime veio na hora certa e no momento certo. No primeiro episódio eu fiquei bastante confusa quanto a isso, afinal, como assim Dandy já morre logo de cara? E pra me confundir ainda mais no episódio 02 tudo volta ao ''normal'', como se nada tivesse acontecido. E assim se sucedeu nas demais semanas. Volto a afirmar que fiquei confusa quanto a isso, pois eu imaginava algo muito diferente do que vinha acontecendo. Mas tudo é questão de entrar no clima. Deixar as coisas fluírem. Não tentar pensar demais. Simplesmente se deixar ser levado. E foi isso que eu fiz. Foi a partir daí, que tudo começou a ter mais graça. E de certa forma passou a fazer ''mais sentido'' - na medida do possível. Esperar algo completamente profundo ou até mesmo poético, só servirá pra estragar tudo. Essa não é a cara de Space Dandy.
Eu não sei vocês, mas eu sou do tipo de pessoa que assiste algo tentando se passar por cima. Ou seja, tento adivinhar o que vai acontecer em seguida. E vou ser bem sincera: isso não rola com Space Dandy. Não dá. Pois além do anime ser bem despretensioso em seu foco, sempre acontece o oposto do que você espera. No que poderia resultar em algo completamente contraditório, e muito sem sentido, na realidade é só uma forma do anime achar o seu caminho, a sua marca e o seu estilo. A beleza esta aí. Na falta de compromisso. Tirar sarro da situação, fazer o oposto do que um personagem normal faria naquele momento, e mesmo assim no meio de tanta coisa sem noção, encontrar pistas do verdadeiro significado de tudo aquilo, é sem sombra de dúvidas, bastante criativo.
Claro que essa despretensiosidade pode lhe causar espanto ou ate mesmo lhe assustar, mas não desista do anime por causa disso. Quando você pega o jeito da coisa, e quando se permite ser levado por essa vibe, pode ter certeza, que você vera tudo com outros olhos.
Motivo
de número 02 - Psicodélismo
Os dois maravilhosos escritores Dai Sato e Keiko Nobumoto, que por sinal trabalharam juntos na elaboração do script de Cowboy Bebop e Wolf's Rain, voltaram a brilhar em Space Dandy. E foi uma volta triunfante. Eu fico pensando, de onde vem tamanha criatividade? De onde vem tanta loucura? Porém, essa questão de psicodelismo não se prende somente no roteiro da história, como também na animação, no carácter designer dos monstros e alienígenas, nas cores gritantes dos planetas, bem como da iluminação geral de cada cena. Outrora meio embaçadas quando queriam transmitir algo parecido como uma alucinação ou até mesmo um sonho (como na imagem abaixo), em outras uma cor mais acinzentada demonstrando um lugar sem vida. Esse jogo de cores se conectava muito bem com aquilo que estava sendo dito. Havia muita química entre a ideia principal de cada episódio como o tom de cor do lugar inusitado em que estavam. Era de encher os olhos.
Um grande exemplo desse casamento perfeito entre o roteiro e a cor, com certeza é a abertura da série. Tudo bastante expressivo. Você consegue notar esse ar psicodélico quando vê cores tão distintas estarem lado a lado uma da outra, se tornando uma espécie de arco-íris ou algo parecido. O azul que lembra mais um lado mais solitário, se unindo com a cor vermelha que quer dizer perigo. Logo, entrava um rosa, e entrava uma outra cor por cima pra contradizer o tom da outra. Só por isso se percebia um ar de psicodelismo bastante nítido na série, e os co-escritores Sato e Nobumoto fizeram jus a essa vinheta, introduzindo momentos bastante sem noção. Alucinações, mudança de percepção, sinestesia, estados alterados da consciências semelhante ao um sonho, ou até mesmo psicose. São alguns do elementos muito visíveis. Uma perda com a realidade bastante significativa. Se prepare pra se sentir doidão, afinal, quem precisa de dorgas?
Motivo
de número 01 - Irreverente
Não seguindo os costumes e nenhuma regra social ou padrão, cagando regras e clichês de maneira satirizada. Esbanjando um lado mais seduzente e ao mesmo tempo comportado, cafajeste mais também muito admirador. Irreverencia acredito que seja a palavra certa pra esse último tópico. Brincar com elementos de narrativa de forma bastante original e natural, não seguir aquela risca de ''começo, meio e fim'' fazem de Space Dandy um anime muito irreverente. Dandy por exemplo é um cara muito garanhão por fora, mas por dentro é um sentimentalista. Sim, você não leu errado. Adora apreciar uma bunda ou um peito, mas na hora de ver uma criança em apuros, ele tenta ajudá-la sem nenhum tipo de maldade ou pretensão. QT é um robô que não está ali só como mais um, mas é como se fosse um filho do Dandy. Já o Meow ... Ahh, aquele gato é um fofo. Juntos pra mim, são o carisma em pessoa.
Por fim, devo acrescentar mais algumas coisinhas aqui de bônus, que sirva de um resumo total de tudo aquilo que eu já disse anteriormente. Como vocês já devem saber, Space Dandy terminou onde começou, ou seria ao contrário (?), e para uma primeira parte o anime se saiu muito bem para o gênero proposto. Watanabe desenvolveu uma série simples, mas que de simples não tem absolutamente nada. Pelo contrário, é cheio de detalhes. Apostou numa comédia descompromissada e numa animação bastante intelectual, sem intenções, optando assim ser despretensioso. Entretanto, era óbvio que ele não se contentaria só com isso e preencheu/recheio essa história com uma narrativa bastante contraditória gerando assim uma explosão em nossos crânios. E não para por aí. Ainda havia espaço para colocar muitas referências intermináveis, reflexões até mesmo filosóficas, e uma pitada de expressividade nos personagens que por resultado causou bastante impacto, criando assim uma identidade própria.
Lembrando claro, que essa não é um post definitivo sobre Space Dandy, até porque ainda existe a segunda parte que será estreada em Julho, mas, é importante ressaltar as principais qualidades que essa parte teve, até porque é bom separar as coisas, e discutir cada aspecto separadamente. Tenha certeza absoluta que independente do que possa vir na segunda temporada, em termos de conteúdo e ousadia em seu modelo, Space Dandy é uma inspiração para outros animes que possam vir. Seria muito bom que outros estúdios, não exclusividade só a Bones, investisse mais nisso: em animes controversos, e criativos na hora de reescrever um assunto que não é novo, mas que existe infinitas formas diferentes de se contar.
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