Miami Guns (2000) - A Sátira Policial


A justiça será cumprida com muita paródia e insanidade. Bem-vindo à Miami dos japoneses!

Miami Guns é um mangá de 4 volumes lançados em 1997-1999, escrito por Takeaki Momose (RahXephon, Magikano) e publicado na Kodansha, Magazine Special, na categoria Shonen. No ano seguinte, em 2000, Miami Guns ganhou uma adaptação em anime do estúdio Group TAC (estúdio este que entrou em falência em 2010 devido à morte do dono) e foi dirigido pelo Yoshitaka Koyama.

A história acompanha a dupla feminina de policiais, Yao Sakurakouji e Lu Amano. Duas mulheres com personalidades completamente distintas que juntas terão que passar por diversas situações inusitadas na cidade de Miami. 

O legal de Miami Guns é que ele faz várias referencias a filmes e animes, como por exemplo Friday the 13th , Desperado, Die Hard with a Vengeance, Jean Reno's Leon: The Professional, Saturday Night Live, Neon Genesis Evangelion, Detective Conan, Speed Racer, Wacky Races e Initial D .

Com tudo isso de referencias na bagagem, Miami Guns possui o terreno perfeito para o humor escrachado. Meus caros caçadores de recompensa, estão preparados para conhecer Miami Guns? 


Eu não sei do mangá, mas o anime de Miami Guns é uma zoação contínua. Desde o modo de investigação, até a captura dos bandidos. A relação entre os personagens também não fica de fora, isso porque a personagem Yao bota lenha na fogueira a cada palavra dita. Mesmo quando o anime tenta ser mais sério, como nos episódios finais, sempre o deboche volta à tona trazendo consigo inúmeros momentos inimagináveis. É uma obra extremamente ousada, em todos os sentidos. Não há limites para o humor. E a principal fonte dessas brincadeiras vem das atitudes da personagem Yao.

Pensa numa mulher ligada na tomada vinte e quatro horas. Assim é Yao Sakurakouji. Ela é filha de um dos caras mais ricos em Miami, mesmo assim, Yao trabalha como policial, apenas por puro hobbie. Extremamente ingênua e criançona, Yao não tem o espírito investigativo, até porque ela nem sequer percebe quando está em perigo, ou quem é o verdadeiro cara mal. Ou seja: de policial Yao não tem nada. Mas, o que faz afinal de contas uma personagem como ela ocupando um papel como este? É justamente para trazer mais humor para a série. Por isso, não leve em nenhum momento a personagem à sério, trate de simpatizar pelo jeito dela logo no começo, caso contrário, a experiência vai ser insuportável. Miami Guns se intitula com duas personagens principais, mas é mais a Yao é quem toma conta dos episódios. Por mais que no final, a série tente forçar essa ideia na nossa cabeça de que as duas são as principais. 

Lu Amano, é a comparsa dela, e supostamente a outra protagonista. Eu digo supostamente não por causa da personalidade calma dela, isso não tem nada a ver. Mas sim, porque perto da Yao, Lu fica pequena na tela. Porém, ao contrário da Yao, Lu tem as características de investigadora mais comum possível, ela cumpre o papel de policial padrão, vivendo num ambiente completamente maluco. Maluco, justamente por causa da atrapalhada Yao. Ela é filha do chefe da policia, e personagem que mais se preocupa com Yao na série. Ela é quase a mãezona ou a babá, já que sempre está tentando controlar a desmiolada da Yao, na medida do possível.

A fusão dessas duas personalidades completamente distintas traz para a série um grande balanço. Quando as coisas estão fugindo demais da realidade, Lu está lá para nos lembrar que a série também é pé no chão. Mas não o bastante pra gente levar tudo à sério. 

O anime segue uma risca episódica, tirando os dois ou três últimos episódios. Esse tipo de narrativa é bastante propício para não tornar as situações cansativas demais. E ótimo também para explorar outros contextos de piadas, além de não se tornar cansativa. Ainda bem que Miami Guns possui apenas 13 episódios, se tivesse mais, com certeza eu estaria farta de tudo. Não é que eu não estava gostando, mas não é em todo o momento que o anime acertava o rumo. Tem alguns episódios que a Yao está completamente insuportável e em outros ela mita como uma lenda.  Um exemplo de sua chatice está nas expressões exageradas e gritos estéricos, tem hora que isso irrita, e deixa de ser engraçado, de tanto que isso se repete. Em compensação, Yao sabia exatamente como tirar sarro da situação e da cara de todos com alguma atitude bem sacada. Se tem um episódio que intercala esses dois lados da Yao, com certeza seria o episódio 07, onde foi sem sombra de dúvidas, o momento mais insano e engraçado do anime. Pra você ter uma pequena ideia, nesse episódio, Yao pira o cabeção total, e se transforma numa primata das cavernas, completamente fora de si. É engraçado como as pessoas tentam acalma-la, e como ela age. Eu ri horrores, mesmo sabendo que isso meio que fugia das normas que estavam sendo estabelecidas. Ora, se eu estou assistindo um anime com um humor louco , era justamente isso que eu esperava. Episódios de experimentações e cagadores de regras.

Um outro exemplo de episódio insano, mas que não tem muito a ver com a temática, é o episódio seguinte, que é na verdade aquele momento comum em muitos animes, o episódio da praia! Eles zoam completamente o tema, o clima suspense é literalmente humilhado. Pra que vocês entendam o que estou dizendo, na hora que as personagens vêem uns pingos de sangue pelo chão, e começam a seguir esse pingos pra descobrir de onde vem. e se depararam com o casal de gays George e Antony, praticando atos de sadomasoquismo no acampamento da praia, foi extremamente HI-LÁ-RIA!!!

Um dos episódios mais loucos

Mas não pense que Miami Guns é só sátiras atras de sátiras, ele também tem seus momentos de bastante ação e tiros, o que era de se esperar. Tem até um que é recheado de rachas entre carros, fazendo referencias claras (até no nome) ao Speed Racer. Tem um também que é de faroeste e caçadores de recompensas (SIMMMMMM!!♥). Cá entre nós, o final deste possui uma reviravolta bastante criativa por sinal. Enfim, cada episódio foi uma surpresa. Confesso que não estava dando muita bola pra Miami Guns, ele surgiu na minha vida por acaso, por justa curiosidade. Detalhe: fui assistir sem saber que era um anime de humor. Pra mim o negocio era sério. Isso porque, eu fui ver sem pesquisar absolutamente nada sobre o anime antes, pois eu sabia também que não ia encontrar quase nada de informações. Por isso, preferi não consultar nem o wikipedia ou o my anime list pra saber pelo menos o plot. Quis descobrir sobre o que era ali na hora. E eu gostei de ter optado por essa escolha, o impacto surpresa foi ainda mais forte.











Miami Guns possui também seus lados negativos. Achei muito bobo e idiota quando a Yao desperta inveja e ódio na outra guria lá que agora esqueci o nome. Se não me engano tem dois ou três episódios dedicados somente a isso; se não foram inteiramente sobre isto, pelo menos tinha um momento ou outro que isso entrava em destaque. E isso foi ficando chato, porque além de ser uma situação sem graça e irritante, o anime fica batendo nessa tecla várias vezes, ao invés de seguir a diante. Mas enfim, pelo menos, quando chegou finalmente o desfecho final desse problema, foi de uma escolha inteligente, mesmo nos fazendo de idiotas e não apresentando um desfecho merecido. Mas sabe, Miami Guns é isso. Ele constrói situações satirizadas, mas na medida do possível, você vai sendo manipulado, e entrando na ''seriedade'' da coisa, por mais que essa ''seriedade'' seja contada no meio da palhaçada. Quando você finalmente cai na arapuca, e espera por um fim no mínimo comum e decente, a série nos dá um tapa na cara pra que a gente acorde e veja que Miami Guns não é isso. Não é pra ser levado a sério. É pra ser satirizado, e aquele final foi bastante, já que praticamente tirou sarro da nossa cara.

Não considero isso uma ofensa, mas uma jogada inteligente. Miami Guns pode sim errar em alguns momentos mas quando acerta na piada, acerta em cheio. 

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