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Bossa Nova Japonesa




Nesse sábado Vinícios de Morais completaria 100 anos, e nada mais justo do que falar sobre a  Bossa Nova Brasileira que conquistou não só o mundo, mais também o Japão.




 Bossa nova japonesa. É, realmente os tempos mudam. Quem diria que aquele movimento no Rio de Janeiro, na década de 1950, fosse conquistar não só o Brasil, mais como também o mundo inteiro, a até mesmo o continente ocidental. Todo mundo sabe, que o Japão é um país muito restrito, e parcialmente fechado. Porém, em se tratando de Bossa Nova a conversa é outra.

 João Gilberto, Tom Jobim e Vinícios de Morais. Eles foram os grandes progenitores e responsáveis, por esse estilo que esbanja referencias do Jazz e do Samba. O apelo popular universal é tão grande que a segunda canção mais regravada de todos os tempos é um clássico do movimento: "Garota de Ipanema" (Tom e Vinícius, 1963). Tudo começou com o movimento que ficou associado ao crescimento urbano brasileiro - impulsionado pela fase desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-1960) -, a bossa nova iniciou-se para muitos críticos quando foi lançado, em Agosto de 1958, um compacto simples do violonista baiano João Gilberto (considerado o papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor). Depois, a bossa nova foi um pouco modificada , e ganhando mais identidade, e firmando características irreverentes pelas quais são conhecidas por isso até hoje.

 No Japão, os moradores de Tóquio dizem que essa trilha sonora combina perfeitamente com a cidade deles. Muitos artistas se identificaram com essa harmonia em imediato. Além de passar a criar o seu próprio repertório, vários nomes da música japonesa também lançaram covers de diversos ícones da Bossa Nova.

O músico Hidenori Sakao e Tom Jobim

 O gosto dos japoneses é bem eclético, até porque eles recebem de ouvidos abertos os sons dos outros países, e misturam tudo.  Como na paisagem de Tóquio, pode parecer caótico, mais é belo e inconfundível.

 Agora eu pergunto para você, por que a Bossa Nova é uma música tão querida no Japão? Bem, hoje o Japão desponta como maior mercado consumidor de MPB, depois do próprio Brasil, mas no gênero da Bossa Nova, provavelmente, ele supera o mercado nacional. Fenômenos como relançamentos de LPs de vinil em formato digital acontecem com frequência no Japão. O show de João Gilberto, que aconteceu em 2003 em Tokyo e Yokohama levou ao delírio mais de 40 mil pessoas.

 Claro que os artistas brasileiros não são um fenômeno de vendas como os astros de J-pop, mas vendem em média entre 10 mil e 20 mil cópias de seus discos, o que é considerável dada a diversidade do mercado japonês. No ano passado, por exemplo, dois discos de bossa nova figuravam na lista dos 10 mais vendidos de world music da rede de lojas HMV: a coletânea Fino - Bossa Nova, de vários compositores brasileiros, e Casa, uma parceria do músico japonês Ryuichi Sakamoto com o Quarteto Morelembaum em homenagem a Tom Jobim. No caso de Lisa Ono, a intérprete de bossa nova de maior projeção no Japão, a vendagem pode alcançar mais de 250 mil cópias. Seu disco Bossa Hula Nova esteve em sétimo lugar na lista top ten da HMV em 2001, à frente de grupos japoneses de sucesso como Gospellers, Kinki Kids e Brahman.


 O avanço é que a música brasileira já não se perde entre os rótulos de world music das lojas de disco, mas ganhou espaço próprio, conquistou um público fiel e virou referência para o universo pop japonês, influenciando vários grupos importantes. O extinto Pizzicato Five, por exemplo, tem um disco chamado Bossa Nova; Monday Michiru, diva do acid jazz, gravou uma homenagem a Florim Purim em seu álbum mais recente; e o United Future Organization, o mais famoso trio de acid jazz do país, chegou a incorporar um visual carioca nos encartes de seus álbuns. Um japonês que tem desempenhado papel fundamental na popularização crescente da música brasileira é Ryuchi Sakamoto. O músico ouvia bossa nova desde criança, e a influência do estilo pode ser notada no seu trabalho. Recentemente, ele gravou Casa, uma homenagem a Tom Jobim gravada com o Morelenbaum 2, e selecionou uma coletânea intitulada Bossa Nova. "O público, mais refinado a cada dia, está saturado de gêneros musicais como o rock e pop", endossa Sakamoto, que é autor de elogiadas trilhas sonoras para filmes como Furyo e O Último Imperador.

 Apesar da boa fase, a música brasileira poderia ter maior repercussão se os brasileiros valorizassem mais a própria cultura. A bossa nova está sumindo por falta de interesse do próprio povo brasileiro. Enquanto os estrangeiros divulgam nossa música, o brasileiro ouve música americana.

Enquanto isso, o Japão fica com o título de país da bossa nova.

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 Termino essa postagem, com a bela interpretação de Hironobu Kageyama ''Manhã de Carnaval''. O sucesso de Luiz Bonfá de 1959 cantado pela lenda das canções de seriados (como Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco e Changeman, entre outros) e líder do grupo JAM Project. O respeito e sentimento dele para com essa música são admiráveis. 



2 Comentários

  1. Saudações


    Que matéria deveras interessante esta, Thais. Curti não apenas a proposta central, como também todo enlace existente neste ritmo musical brasileiro que ganhara adeptos no arquipélago nipônico.

    Lhe parabenizo muito por este texto, seguramente.


    Até mais!

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