Resenhando Sakamichi no Apollon

Momentos. A vida é feita de momentos. E nada melhor, do que passar o presente com as pessoas que possam cicatrizar as feridas dos momentos ruins do passado. Como uma música.
 Como um perfeito jazz. Sabemos que uma melodia tem uma curta duração, porém também sabemos que elas deixam marcas pra vida toda, assim como uma verdadeira amizade. Sim, hoje a resenha fica por conta de Sakamichi no Apollon.
 É, eu sei que tá meio tarde pra falar de Sakamichi no Apollon, entretanto mesmo assim gostaria de comentá-lo, não só por causa de ter sido considerado um dos melhores animes de 2012, mais por conter vários pontos a se decifrar.
Bom, antes tarde do que nunca né?
Informações técnicas
 Shinichiro Watanabe, sim, aquele cara responsável séries fantásticas como Samurai Champloo e Macross Plus, além de outros trabalhos que atestaram a qualidade do diretor – que ao lado de Yoko Kanno, responsável pela trilha de Cowbou Bebop, comandou Kids on the Slope, mais conhecido como Sakamichi no Apollon
  Produzido pelo estúdio Tezuka Productions e Mappa, o animê ganhou um visual satisfatório, e incrivelmente aprimorado.

Sinopse
 A história se passa na década de 60 e gira em torno de Nishimi Kaoru, mais um daqueles garotos japoneses acostumados a se mudar constantemente por causa do trabalho de seu pai, que é divorciado de sua mãe. O garoto acaba se mudando para a casa de alguns parentes, mas não parece muito empolgado com o ambiente em que vive. Ele, que sempre foi visto como um garoto inteligente, estava acostumado a ser sempre o foco das brincadeiras durante suas curtas estadias nos colégios, mas tudo mudou até ele conhecer duas pessoas diferentes em sua nova escola: Mukae Ritsuko, a presidente da classe eKawabuchi Sentaro, um garoto que sempre foi o legítimo badboy, matando aulas e se metendo em diversas brigas. Mas não são as personalidades que fazem os 3 se aproximarem, e sim um gosto em comum: a música. Kaoru aprende como pode ser divertido tocar jazz e encontra a primeira pessoa que pode chamar realmente de amigo e também encontrar a primeira garota na qual pode se apaixonar. E assim começa uma bela história de amor e amizade.
 Prepare-se agora para uma resenha recheada de boas observações.


Vou dividir essa resenha em 3 etapas; começo, meio e fim.
Primeiras impressões
 De primeira, Sakamichi no Apollon me ganhou só pela trila sonora. Mais seria injusto da minha parte, julgá-lo só por essa característica, afinal, para um anime ser bom ele precisa cumprir com excelência uma série de fatores. Entretanto, a história de Sakamichi no Apollon foi me ganhando aos poucos por motivos de ”quero entender”. O primeiro episódio achei bem amarrado, pois não aparentou tanta confiança em seus personagens, pela qual só consegui me convencer quando eles foram se desenvolvendo melhor. Tá certo que não existe nada muito novo em seu enredo, mais a linguagem do anime é bem carismática. Nota-se que a história não é lá grande coisa, mais o que faz a diferença é a maneira como ela está sendo contada.

 Como eu disse, no início senti certa falta de carisma dos principais personagens, mais isso foi sendo suprido quando Nishimi Kaoru foi se soltando com mais fluência – não que ele tenha se tornado carismático do dia pra noite – mais sim pelo fato de acabar se comunicando melhor com o público e com a sua própria história. Com a chega de Ritsuko eSentaro, o trio foi finalmente formado e o foco do animê ganha um certo balanço; entreamoramizade e música.

 São adolescentes normais, que buscam encontrar seu lugar de calmaria dentro de si. Kaoru e Sentaro, ambos tem seus passados conturbados envolvendo família, porém acabam encontrando um no outro uma certa afinidade com a qual só a música consegue explicar. No começo é bonito de ver a relação deles, eu particularmente gostei muito, soou até um pouco poético quando foram mesclados com o Jazz. Até aí tudo bem. Em seguida, de cara achei a Ritsuko uma personagem nada atrativa, sem personalidade nenhuma, em outras palavras dizendo: fraca. Sua indecisão acerca de tudo me irritava muito, e só contribuiu para a minha empatia para com ela aumentar ainda mais. Me perdoe a palavra, mais parecia uma coadjuvante. Ela só chegou para somar, ao invés de fazer a diferença. Ou seja, era só mais uma. Só teve uma cena e outra que me agradou, porém não foi o suficiente para me convencer. Claro que ela teve uma participação bem obrigatória e essencial ali no enredo, mais poxa … custava ser menos apagada? acho que não né.

 Mal desenvolvida, e mal explorada, assim resumo a participação de Ritsuko em Sakamichi no Apollon. Olhando para o outro lado, percebo que para um adolescente até acho que cumpriram com exito as suas funções. Primeiro é Kaoru, aquele garoto decepcionado consigo mesmo, cansado de ter amigos ”fura-bolo”, mais que consegue através da música encontrar uma amizade capaz de cicatrizar suas feridas. Sentaro, é aquele adolescente brigão mais que no fundo só necessita de um pouco de atenção da família e dos colegas de classe. Ritsuko acho que nem tenho que falar mais dela, mais indecisa que eu em dia de comprar mangá.

 Enfim, eles são presos por pequenas bobagens do dia a dia, como qualquer outra pessoa. Mais a medida que essas dúvidas vão surgindo,  a música sempre torna o seu ponto seguro. A sua paz de espirito. É é aí que se encontra o grande ”recheio do bolo”, que com sua utilidade consegue expor a sua beleza muito bem em curto prazo.

E, arrisco-me a dizer que a participação do jazz foi mais forte do que a sua mensagem de amizade. Um exemplo claro disso é quando Kaoru e Ritsuko esqueciam suas diferenças (brigas) e eram tomados pelo jazz. Excepcionalmente perfeito!




Conflitos
 Em se tratando de conflito, Sakamichi no Apollon  consegue ser muitas vezes  muito bobo. As suas brigas são tão mesquinhas que quase entrei dentro do pc pra dar uns tapas nessa gente (claro que se eu entrasse numa briga com o Sentaro com certeza ia levar uma surra … mais enfim xD). O conflito que dá combustível pro animê pra mim era muito fraco, fala sério, aquela briga que o Kaoru teve com o Sentaro só por causa que ele iria participar de uma outra banda foi bem boba. Tudo bem que o Kaoru tinha praticamente acabado de estabelecer novamente uma amizade ali, mais aquilo foi algo muito infantil.

 Em se tratando de infantilidade, as cenas da Ritsuko eram as mais bem exploradas nessa questão. E não digo isso da boca pra fora, mais sim baseado em cenas que deixam isso explicitamente nítido, só não enxerga isso quem não quer. Nos mesmo momentos em que ela rejeitava a paixonite do Kaoru, ela já tinha uma certa recaída por ele, esses vai e vem de indecisão só a transformava em alguém mais infantilizada ainda. Na minha opinião faltava mais maturidade por parte dela.

O animê também contou com muitas, mais muuitas pequenas falhazinhas de informação. Isto é, pequenos detalhes que ficaram totalmente ocultos durante a sua exibição. No mangá sabe-se que as coisas não são bem assim, até porque lá os acontecimentos estão muito mais claros.



Desfecho
Se tem uma palavra que resume o fim seria: irritante. É exatamente como o site Shoujo Café disse á respeito:
Considero esse final o mais machista e conservador em um shoujo anime desde Oniisama E… (おにいさまへ…) E que fique claro ANIME – produção controlada por homens – e, não, o mangá (….) Sakamichi no Apollon é uma série sobre amizade e amadurecimento. Mas é amizade entre três pessoas, dois garotos e uma garota. O laço entre eles é profundo e vai além do próprio romance entre Rikko e Kaoru. Nenhuma das duas coisas foi contemplada no último capítulo do anime. Outra coisa triste, é que as personagens coadjuvantes, de maior ou menor peso, foram aniquiladas nesse último episódio. E o espírito de rebeldia de 1968, nem se fala. No mangá, Kaoru até comenta das greves estudantis, no anime, tudo fica naquele hiato de oito anos: apagado, obscurecido. E esqueçam o que eu escrevi, duvido que façam um episódio extra especial para os DVDs.
 Faço destas as minhas palavra.
 Pra encerrar, eu não devo deixar abatido a grande influência da música no animê.  Yoko Kanno faz mais uma vez um trabalho incríveljunto com a  produção artística do Masao Maruyama.

 Acredito que os 12 episódios foram bem corridos, muita coisa ficou exprimida e outras se quer foram cogitadas no animê, o que é lamentável. Mais o importante é que não estragou a mensagem principal, pela qual acho que foi transmitida com exito.

 Sakamichi no Apollon foi uma experiência diferente, e sem dúvidas foi um dos grandes destaques de 2012, com certeza gostaria de ver uma continuação da história até porque o animê deixou um gosto de quero mais.


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