Gin no Saji (Silver Spoon) - Primeira Temporada


Nunca mais olhei para os ovos com os mesmos olhos desde então …
Faz um bom tempo que eu estava enrolando pra falar de Gin no Saji , e hoje finalmente vou soltar o verbo e falar o que acho da série. Apertem os cintos que hoje a gente vai visitar uma escola agrícola. Sem choro e sem preconceito. Arregacem as mangas que hoje tem resenha de Gin no Saji.

Devo alertá-lo também que quando a segunda temporada chegar em seu fim, não se esqueça de dar uma passadinha na Nave Bebop pra tomar um café e ler mais um texto sobre, combinado? Okay, é isso ai, subam abordo!

Silver Spoon (Gin no Saji) é um mangá de 2011 escrito e ilustrado por Hiromu Arakawa, mais conhecida pelo seu trabalho anterior em FullMetal Alchemist (2001). Desde o seu lançamento do seu primeiro volume, Silver Spoon foi bem recebido pelo seus leitores. Tornou-se título da Shogakukan que mais rápido alcançou um milhão de cópias impressas desde o seu lançamento do 4 volume eganhou o prêmio Mangá Taishõ na quinta edição da premiação em 2012 e o 58 ° Prêmio Shogakukan de Mangá na categoria Shonen.

A história se passa num lugar fictício chamada Escola Agrícola Oezo, em Hokkaido, mostrando a vida diária de Yugo Hachiken, um aluno de Sapporo que, ao contrário de muitos dos seus amigos de classe, não tem intenção de seguir uma carreira profissional agrícola depois de se formar, mas decidiu estudar lá com o pensamento de que ser facilmente o melhor aluno da classe.

O anime foi adaptada pelo Estúdio A-1 Pictures e comandada pelo diretor Itou Tomohiko, cujos trabalhos anteriores foram SAO e Seikimatsu Occult Gakuin.

Não dá pra deixar de notar as diferenças entre Silver Spoon e FullMetal Alchemist. A começar pela grande quantidade de realismo do contexto que os dois apresentam, como também as suas respectivas personalidades. Hachiken é alguém indeciso que não sabe exatamente o que quer da vida, enquanto Edward já tem um objetivo traçado desde sua infância. Silver Spoon tem uma carga de simplicidade muito maior do que em FMA, mas isso não tira o fato de que, cada obra apresenta um significado igual, no entanto, o modo como são explicadas são completamente distintas.

É legal saber que a a Arakawa colocou a experiência de sua própria vida em Silver Spoon, uma vez que já foi criada em uma fazenda em Hokkaido. Pode-se dizer que a história ganhou muita resistência, não só por ela estar usando suas lembranças pra construir o seu enredo, como também por estar deixando a sua mensagem totalmente nítida. Assim como ela usa as suas experiências passadas pra dar vida em algo que ela deseja, assim é o seu personagem Hachiken em relação a vida. Mesmo sem estar totalmente ciente, ele está construindo lembranças á base de trabalho e convivência com pessoas diferentes, isso sem esquecer os animais, afinal são eles que despertam variados sentimentos.

Uma outra coisa interessante também de saber, é que o mundo de Gin no Saji aborda muito mais do que a simples realidade de um agricultor, como também ela não mede esforços em mostrar a dura realidade do sustento, como por exemplo o contato direto com a sujeira, sangue, e o esterco.

Hiromu Arakawa e pode ser considerada uma das maiores ícones do mangá shounen, até porque não dá pra se esperar outra coisa vindo de alguém que se inspira em Suihõ Tagawa – autor de Norakuro. Mesmo Arakawa tendo uma fama desse porte, ela entrega em Gin no Saji algo que é completamente diferente. Há sim elemento shounen nessa série, no entanto, eu diria que é algo mais dinâmico. Posso por exemplo comparar o gênero com uma receita de bolo. Ela não joga ali na tigela os ingredientes comprados, mas é ela mesmo é quem produz. Por isso, Gin no Saji é uma mistura de muitas coisas, todas elas são mostradas delicadamente que você mal percebe aquele elemento está ali. Você não sente um gosto forte de ovo ou leite quando come uma fatia de bolo, mas sabe-se que essas coisas estão ali, misturadas. Há infinitas formas de se contar um shounen, como também há infinitas formas de você substituir os ingrediente de uma receita, assim, como também você mesmo pode fazer aquilo que você precisa, ao invés de já comprar pronto no mercado.

Ou seja, aqui na série a gente consegue ver um livro de memórias, um conto de uma idade, e um pequeno devaneio filosófico sobre a vida. Essa dinamicidade é estupidamente maravilhosa. Esses fragmentos simplesmente são como imãs uma do lado da outra. Elas se conectam de forma absolutamente incrível. Aqui você saboreia de um shonen completamente humano e sincero. É simples, mas é prazeroso acompanhar por justamente ser: simples.

A primeira temporada de Gin no Saji foi exibida episodicamente, o que não é algo ruim para a série. Na verdade acho que esse estilo caiu como luvas para a franquia. Dentro dos vários momentos mostrados, um dos que mais gostei foi o a dúvida de Hachiken perante Butadon. Essa é uma realidade crua, em que nós todos os dias tapamos os nossos olhos perante algo que pode ser considerado egoísta. Não se trata exclusivamente de comer um animal inocente e ingênuo, mas se trata do ciclo natural da vida.

Mais tarde Hachiken nomeou outro porco de Bacon, justamente como uma forma de autodeclaração de identidade individual. Ele veio para Ezonoo, e conseguiu abrir os olhos para o mundo para o qual até o momento era uma coisa desconhecida até então. Hachiken amadurece, não só fisicamente, mas com seus princípios e sua integridade. A carne de animal ali representa uma pequena reflexão que ele tinha perante as funções das pessoas, e o que eles significam para ele próprio. Essa questão é verdadeiramente fundamental em relação para a definição de nós mesmos. O ato de decidir que tipo de pessoa será no futuro é um assunto que sempre fez parte da humanidade e sempre fará. A ”novidade” é que nem todos tem o discernimento de descobrir o quer da vida. Resumindo: a essência da história fala uma linguagem universal. Pode passar o tempo, mas essa busca em encontrar o seu lugar no mundo é algo que requer discernimento. E isso é algo que esteve nessa primeira parte do anime representado com máxima excelência, sem dúvidas.

O fechamento da primeira temporada deixou muitas brechas. O ultimo episódio pra mim não teve cara de último episódio, até porque achei que as coisas iriam terminar com algum grande acontecimento, ou até mesmo uma informação pessoal sobre ele. No entanto nada foi resolvido. Achei sim deslumbrante o ar pensativo acerca dos acontecimentos, na verdade até achei muito elegante, porém faltou aquele ”BUM”. De qualquer forma, acredito que essa temporada foi mais como uma reflexão, e um grande aperitivo pelo que ainda ela pode explorar.

Devo dizer que essa é uma série que não tenta se passar por algo que não é. A sua grande película está centrada na sinceridade. A delicadeza como é mostrado (algo que honestamente achei que seria bobo) é algo que só tem a acrescentar á nós como seres humanos. É um grande retrato de uma das fases da vida. Se você leu está matéria e não conhece nada sobre Gin no Saji certamente está pensando que se trata de algo bem dramático. Pois eu te digo ao contrário. Gin no Saji é muito divertido, e convence com seus momentos cômicos. Naturalidade, acho que está palavra define praticamente tudo.

Enfim, Arakawa sabe exatamente o que faz, e faz com maestria.

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Nota para a Primeira Temporada: (4,0/5,0)
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