Samurai X: Live Action - De fã para fã (Crítica)


É impossível assistir uma live action sem por um pé atrás, afinal não tem como imaginar a artimanha que o diretor vai utilizar para conquistar os fãs e não fãs. É sempre um desafio, tanto para quem o faz, como para quem assisti. Sim, adaptações são na maioria das vezes perturbadas. Como é o caso de Battle Royale e Gantz, que tiveram a premissa de causar frustrações nos admiradores, e dividir opiniões em diversos públicos. Então, como fazer um live action que agrade ambos telespectadores? Isso é o que o diretor Keishi Ohtomo tenta responder em Samurai X.

Kenshin era um hitokiri(assassino) a serviço do Ishin Shishi, um grupo político ativista anti-xogunato. Durante a Guerra Boshin, Kenshin foi responsável pela morte de muitosdefensores do regime xogum e, mesmo com a vitória na guerra, criou granderemorso pelas vidas que tirou e fez um voto de nunca mais matar.

Depois de vagar pelo Japão como um andarilho durante dez anos, Kenshin conhece uma dona de dojo chamada Kaoru Kamiya, que depois de alguns rolos envolvendo a trama – que ficam mais interessantes sem spoilers – convida o rapaz a permanecer por lá. Apesar de tentar levar uma vida normal e fugir de sua antiga identidade como Hitokiri Battousai (apelido herdado por conta de seu antigo trabalho como assassino e pelo estilo de luta), uma cicatriz em forma de Xno rosto acaba tornando fácil que seja reconhecido pelos guerreiros que também lutaram na Guerra Boshin. (sinopse via Chá de Prosa)


No que diz respeito ao enredo mostrado no filme, posso dizer que ele teve uns pequenos deslizes, e grandes acertos. Seguindo o mesmo caminho que a história original de Nobuhiro, e ainda encaixando tudo num curto espaço de tempo, vemos uma narrativa bem atraente. As primeiras cenas remetem grande atenção de quem assisti, principalmente de quem não conhece ou não sabe nada sobre Rurouni Kenshin. A guerra retratada logo no início dá aquele frescor humano e autoritário, do tipo de quem chega chegando. A medida que a história ganha fôlego e cresce, tudo vai tomando outras proporções e um ritmo mais direto vai se definindo no ar.

A apresentação dos personagens foi bem fiel ao mangá, entretanto, a relação entre eles foi bem morno e vazio, como é o caso das cenas dos poucos diálogos entre Kenshin e Sanosuke, ou Kenshin e Yahiko. Senti falta de mais intimidade entre eles, mas compreendo perfeitamente o porque desse ato, afinal são apenas 2 horas para se contar tudo que precisava ser contado.

Já o grande climax, foi bem dividido. É como se o filme tivesse subido degrau por degrau, até chegar no ”gran finale” com o super vilão sequestrando temporariamente a mocinha (Kaoru), causando orgasmos no fãs (~me incluindo). Agora você me pergunta: Ta, e daí? e os não-fãs? com certeza eles ficaram com cara de paisagem o filme todo, enquanto eu estava babando e quase rolando pelo chão. E digo isso não da boca pra fora, mas com base em fatos aos quais irei citar a seguir: 
  • Primeiro – Não senti que a história estivesse focada em nada, apenas em mostrar as prováveis consequências de ser um ex-battousai. 
  • Segundo – O filme não contou com nenhum vilão oficial, mais sempre os alternou sem apresentar uma grande ameaça para Kenshin. 
  • Terceiro – Mais intimidade entre os personagens. 

Tirando esses detalhes ruins, o filme contou com detalhes bons como é o caso da contratação do elenco. Eu me refiro a TODOS, não dou exclusividade a ninguém. As principais características dos personagens deu pra notar bem no simples olhar de cada um, e isso foi excelente pro filme.

O nosso amado andarilho Kenshin por exemplo, recebeu uma interpretação ótima do ator Sato Takeru. Todos os trejeitos foram transmitidos com tamanha perfeição, que me causava arrepios. O tom de voz, a fala, o caminhar, a calma, foram passados numa sutileza exemplar. Realmente o ator mergulhou fundo em sua atuação, sem deixar a desejar. Trabalho de profissional.

E o que dizer então das cenas de ação? eu gostei bastante. Cinematograficamente aquilo ficou lindo. Uma coisa que eu reparei foi a trilha sonora nas lutas. Naquele mesmo momento que tinha uma melodia de tensão e agitada em meio as brigas, segundos depois um silencio enorme tomava as cenas, só se ouvia o barulho das laminas. Eu achei um detalhe genial!

Um outro detalhe que achei bem poético que me recordo, é aquela em que Sanosuke e Kenshin estão enfrentando os capangas e de repente eles (vilões) começam a jogar dinheiro pela janela, e eles lutam em meio aquilo. Ta, eu sei que a aquela luta foi totalmente desnecessária e boba, mais aquele dinheiro caindo deu uma bela sutileza pra cena.

Eu parei pra pensar, e cheguei na conclusão de que o filme foi isso. Por mais que ele não tenha motivos extremamente fortes por trás de tudo, o que o salvou foi a categoria em que foi mostrado. Parecia que todos essas lutas bobas era assunto de vida ou morte, e posso dizer que foi esse o grande ponto forte. A narrativa é assustadoramente surpreendente e maravilhosa. E tenho a certeza que se o filme não tivesse essa classe (charme), as coisas tomariam outro rumo, e a live action iria escorrer pelo ralo.




Eu não sei se os não-fãs de Samurai X gostaram do filme, ou tenham intendido perfeitamente as mensagens e detalhes, se eu pensar com base os detalhes ruins que citei é provável que não tenha gostado tanto como eu gostei.

Mas falando agora de fã para fã, em meio a uma era de adaptações live-action horrendas, Rurouni Kenshin pode soar como a galinha dos avos de ouro dessa geração, onde as futuras adaptações pode muito bem beber dessa fonte, se inspirar em várias coisas, pois sabe-se que o caminho para uma live-action orgasmática é mais ou menos por ai.


Nota/avaliação: (4,5/5)

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